quarta-feira, 23 de abril de 2025

O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO E APRENDIZAGEM NOS DIZERES E FAZERES DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS NATURAIS QUE ATUAM NO TERCEIRO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL

 

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

 

 

 

Marlon Luis Lucchini

 

 

 

 

 

 

 

O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO E APRENDIZAGEM

NOS DIZERES E FAZERES DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS NATURAIS

QUE ATUAM NO TERCEIRO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

São Leopoldo

 

 2007

 

 

 

 

MARLON LUIS LUCCHINI

 

 

 

 

 

 

O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO E APRENDIZAGEM

NOS DIZERES E FAZERES DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS NATURAIS

QUE ATUAM NO TERCEIRO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL

 

 

 

Trabalho de Conclusão apresentado à Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS como requisito parcial para obtenção do título de licenciatura em Ciências Biológicas.

 

 

 

Orientador: Jackson Müller

 

 

 

 

 

 

São Leopoldo

 

 2007

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dedico este trabalho de conclusão:

a minha mãe, Iride

              ao meu pai, Luiz

              a minha irmã, Katiane

              ao meu afilhado, Matheus

              ao meu sobrinho, Eduardo

              a minha noiva, Samanta

que com seus exemplos de amor me ensinaram muito sobre a essência da vida e sobre a essência da educação.

E principalmente as crianças, razão

 e objetivo da minha profissão.

 

 

 


Foram muitos, os que me ajudaram a concluir este trabalho.

Meus sinceros agradecimentos...

 

 

...a Deus, pois, sem sua ajuda, nada teria sido possível;

...a minha família, pela compreensão, apoio e carinho com que me incentivaram;

...aos colegas, diretores e professores das escolas em que trabalho, pela colaboração e amizade, que muito contribuíram para a realização deste trabalho;

...aos professores do curso, pela seriedade e comprometimento empenhados nesta etapa da minha formação profissional;

...em especial ao meu orientador, Professor Jackson Muller,  pela dedicação e competência, que foram fundamentais para a construção deste trabalho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


“Criar, vencer os muros interiores,

 encontrar a felicidade,

ter prazer no trabalho, auto estima, auto imagem,

criatividade, senso crítico...

isso tudo nada mais é do que você amar mais, no sentido

espiritual do amor, com realização de uma união maior

de você consigo mesmo. Encontrar-se, amar-se para amar também os outros. Alguém já disse,

educar é um ato de doação, um ato de amor.”

                                        (Max Haetinger)

 

 


Lista de figuras

 

Figura 1: Alunos Participantes do Projeto...............................................................................66

Figura 2: Finalização do encontro...........................................................................................69

Figura 3: Troquem de lugar aqueles que.................................................................................73

Figura 4: Arroio Colorido........................................................................................................74

Figura 5: Pique dos Peixes dos Sinos......................................................................................76

Figura 6: Lugar de Lixo não é no Arroio.................................................................................77

Figura 7: Caça Ecológica.........................................................................................................79

Figura 8: Mensagem Ecológica Secreta...................................................................................80

Figura 9: Jogo do Predador......................................................................................................85

Figura 10: Jogo da Simbiose....................................................................................................86

Figura 11:  Pique Inquilinismo................................................................................................88

Figura 12: Mamãe Galinha e as Raposas.................................................................................90

Figura 13: Jogo do Carrapicho................................................................................................93

Figura 14: Pique Árvores.........................................................................................................94

Figura 15: Jogo da Higiene......................................................................................................96

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


LISTA DE TABELAS

 

Tabela 1: Categoria Domínio Cognitivo..................................................................................51

Tabela 2: Categoria Domínio Afetivo......................................................................................54

Tabela 3: Categoria Domínio Social .......................................................................................57

Tabela 4 : Categoria Domínio Motor.......................................................................................59

Tabela 5 : Critérios de escolha do esporte na escola pública...................................................62

Tabela 6 : Critérios para escolha do esporte na escola particular............................................63

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


SUMÁRIO

 

1 DEFINIÇÕES IMPORTANTES. 11

1.1 EDUCAÇÃO.. 11

1.2 ESCOLA.. 14

1.3 ENSINO.. 17

1.4 CURRÍCULO.. 21

1.5 CURRÍCULO OCULTO.. 25

2 O LÚDICO NO ENSINO.. 27

2.1 O DESINTERESSE PELAS AULAS. 27

2.2 O LÚDICO.. 31

2.3 O LÚDICO NA ESCOLA.. 34

2.4 O LÚDICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS. 36

3 A PESQUISA QUALITATIVA.. 38

3.1 METODOLOGIA.. 38

3.2 DEFINIÇÃO DOS PARTICIPANTES. 41

3.3 DEFINIÇÃO DA TÉCNICA DE COLETA DE INFORMAÇÕES. 43

3.4 DESCRIÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES. 45

3.5  RESULTADOS. 48

3.5.1 Domínio Cognitivo. 48

3.5.2 Domínio Afetivo. 52

3.5.3 Domínio Social 54

3.5.4 Domínio Motor 57

3.5.5 Referências para pratica do lúdico nas escolas. 60

3.5.6 Conclusões e Sugestões. 64

4 PROJETO ECORECREAÇÃO COMO UMA POSSIBILIDADE.. 66

4.1 PLANEJAMENTO GERAL DO PROJETO.. 66

4.1.1 Título. 66

4.1.2 Dados de Identificação. 66

4.1.3 Objetivos. 67

4.1.4 Procedimentos. 67

4.1.5 Cronograma. 70

4.1.6 Avaliação. 71

4.1.7 Atividades Desenvolvidas. 72

CONSIDERAÇÕES FINAIS. 99

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.. 101

A N E X O S. 103

ANEXO 1: Relação das 55 Escolas Municipais de Novo Hamburgo/RS. 104

ANEXO 2: Relação das 29 Escolas Estaduais de Novo Hamburgo/RS. 106

ANEXO 3: Relação das 13 Escolas Particulares de Novo Hamburgo/RS. 107

ANEXO 4 : Autorização solicitada a Secretaria Municipal de Educação. 108

ANEXO 5: Autorização solicitada a 2ª Coordenadoria Regional de Educação. 109

ANEXO 6: Autorização solicitada as Escolas Particulares de Novo Hamburgo/RS. 110

ANEXO 7: Questionário aplicado aos professores. 111

ANEXO 8: Fichas Auto-Avaliativas. 114

 

 


INTRODUÇÃO

 

            A elaboração deste trabalho de conclusão cumpre uma das exigências acadêmicas do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, para conclusão do curso. O tema aborda o lúdico nos dizeres e fazeres dos professores de Ciências Naturais do terceiro ciclo do Ensino Fundamental, como forma de desenvolver e perceber o sentimento da capacidade de transformação, participação, motivação, alegria e de criticidade nas pessoas envolvidas.

 

            O tema da ludicidade foi escolhido por crer que se trata de  uma exigência de nossa época e de nossa sociedade. Do ponto de vista da pessoa humana, o ato lúdico representa um esforço único em busca do desconhecido através da participação prazerosa e alegre.  A extensão do ato da ludicidade se traduz na aquisição de conhecimentos  através de atividades potencialmente desafiantes e interessantes de  um ser social que, ao sentir-se capaz de participar e de descobrir por si, sente-se capaz de transformar, de mudar, de melhorar.

 

            O grande objetivo deste trabalho, ao abordar o lúdico, é em primeiro lugar tentar compreender e superar os condicionamentos tradicionais presentes nas práticas pedagógicas, em segundo lugar, vencer as tensões resultantes da expectativa presente na prática lúdica e, com isto  proporcionar uma contribuição simples, mas útil,  para os educadores. Enquanto graduando da Biologia, apoiado numa  concepção pedagógica participativa e crítico social de conteúdo e, portanto, comprometido com a nossa realidade social e cultural, me propus, neste trabalho, revisar criticamente as metodologias pedagógicas tradicionais presentes atualmente, no ensino de Ciências Naturais.

 

            Mudar o ensino, as formas e os procedimentos metodológicos da aprendizagem, constitui o eixo desta proposta, cuja finalidade é a de proporcionar uma intervenção participativa, autônoma e crítica do aluno, numa dimensão realística social, de modo a modificá-la, tornando-a distinta no seu modo de aprender e ensinar. Proposta que caminha em oposição às aulas no ensino de Ciências Naturais – proposta tradicional -, já que em sua maioria, orientam-se nos mesmos princípios e procedimentos do sistema de ensino escolar, ou seja, reproduzem um sistema de opressão.

 

            A essência do ato lúdico está justamente aí, no confronto do educando e do educador com as práticas pedagógicas da Ciências Naturais tradicional, para que ela ultrapasse a função limitada na qual se encontra, onde ocorre um ensino expositivo e decorativo, para uma função ilimitada. Repensá-la e replanejá-la, na perspectiva de uma nova possibilidade, implica em incluir  as idéias de todos  onde a divergência é admitida, o respeito à opinião dos outros e à liberdade com responsabilidade,  passam a ser práticas essenciais nesta mudança.

 

            A pesquisa relatada é resultado de um trabalho especialmente planejado, executado e avaliado entre os meses de julho a setembro, e foi objeto deste trabalho de conclusão.  O tema “O lúdico nos dizeres e fazeres dos professores de Ciências Naturais, do terceiro ciclo do ensino fundamental” não é aqui considerado um tema neutro, descomprometido, pelo contrário, existe uma intenção subjetiva que diz respeito a um comprometimento com melhores condições de vida para todos, ou seja, com as transformações sociais. Compromisso com a vontade de podermos decidir nossos destinos, tanto em nível individual quanto em nível coletivo.

 

            A composição deste trabalho de conclusão tem quatro partes. Na primeira, buscamos a reconstrução de um marco teórico sobre educação, escola, ensino, bem como currículo. Objetivou reconstruir uma compreensão do meio escolar, quanto aos métodos,  procedimentos e  concepções críticas presente na atualidade, obtendo, desta forma, subsídios teóricos  para sustentar o trabalho. Na segunda parte, abordamos o lúdico como procedimento metodológico no ensino, que objetivou analisar desde a sua definição, história e importância. Na terceira parte deste trabalho definimos a metodologia, procedimentos e resultados da pesquisa realizada com os professores de Ciências Naturais do terceiro ciclo do Ensino Fundamental de escolas privadas e públicas municipais e estaduais de Novo Hamburgo. Na quarta parte, apresentamos o Projeto Ecorecreação: com a natureza se aprende brincando, desenvolvida na EMEF Pres. Tancredo Neves, como uma possibilidade de mudança no ensino de ciências naturais.   Por fim, como fechamento do trabalho de conclusão, apresentamos as considerações finais.

 

 

 

 

 

 

1 DEFINIÇÕES IMPORTANTES

 

 

1.1 EDUCAÇÃO

 

            A educação tem, a princípio, como finalidade, promover mudanças desejáveis e relativamente permanentes nos indivíduos, e que estas venham favorecer o desenvolvimento de todos e da sociedade. Portanto, se faz mister que a educação atinja a vida das pessoas e da coletividade em todos os âmbitos, visando o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social do sujeito, como também o fortalecimento de uma visão mais participativa, crítica e reflexiva nas decisões dos assuntos que lhes dizem respeito.

 

Ao definir educação, FORQUIN (1993, p.168) enfoca que “educar, ensinar, é colocar alguém em presença de certos elementos da cultura a fim de que ele deles se nutra, que ele os incorpore à sua substância, que ele construa sua identidade intelectual e pessoal em função deles”. Conforme BRANDÃO (1985, p.7) “ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, se um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação”.

 

            A educação está intimamente ligada à vida de todos nós, sendo que ela deverá transmitir conhecimentos, assim como comportamentos éticos, práticas sociais e habilidades básicas para o dia-a-dia de todos nós.                      

                       

            Ao se tomar consciência do poder que a educação assume, passa-se a se conceber o ensino de maneira diferente. O sistema educacional tem como finalidade básica promover mudanças nos indivíduos, aquisição de novos comportamentos quanto a modificação dos já existentes. E que, a escola é uma agencia educacional que adota uma forma peculiar de controle, de acordo com os comportamentos que pretende instalar e manter. Cabe a ela manter, conservar ou modificar os padrões aceitos como úteis e desejáveis para uma sociedade. Atendendo aos objetivos de caráter social, atendendo aos objetivos daqueles que lhe conferem o poder.

 

            Desta forma,  BRANDÃO (1985, p.9) descreve que, “não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o melhor professor profissional não é o seu único praticante”. O ensino não pode ignorar esta realidade. O impacto dos processos que configuram novos e diferenciados cenários sociais, políticos e culturais no cotidiano escolar é cada vez maior.

 

            BRANDÃO (1985) destaca que:

 

“... a  educação do homem existe por toda parte e, muito mais do que a escola, é o resultado da ação de todo o meio sociocultural sobre os seus participantes. É o exercício de viver e conviver o que educa. E a escola de qualquer tipo é apenas um lugar e um  momento provisórios onde isto pode acontecer. Portanto, é a comunidade que responde pelo trabalho de fazer com que tudo pode ser vivido-e-aprendido da cultura seja ensinado com a vida – e também com a aula – ao educando.” (p. 46)

 

            A reflexão sobre o papel da educação na sociedade é crescente, no entanto, a gênese desta preocupação obedece a origens e motivações diferentes, dentre elas: sociais, políticas, ideológicas e culturais, em diversos contextos. De qualquer modo, é a própria concepção da escola, suas funções e relações com a sociedade, o conhecimento e a construção de identidades pessoais, sociais e culturais que está em questão.

 

Hoje, como no passado, nos defrontamos com uma educação muito aquém da ideal, e que carrega em seu bojo questões, que foram largamente estudadas pelos diferentes teóricos, como as condições de discriminação, seleção, exclusão e sucesso. Em busca de mudanças nesta situação de calamidade vivida pela educação, faz-se necessário que esteja  presente na escola um trabalho voltado para a conscientização e reflexão do sujeito - mundo, além da valorização do saber trazido pelo aluno, oferecendo através deste processo de aprendizagem condições ao aluno de expressar seus sentimentos, seus pensamentos, compará-los, compreendê-los e superá-los.

 

            Qualquer que seja o ângulo pelo qual observamos a educação, ela nos apresentará características fundamentais para o desenvolvimento do ser humano como um todo, reafirmando seu papel nas transformações pelas quais vêm passando as sociedades contemporâneas e assumindo um compromisso cada vez maior com a formação para a cidadania.

 

            Nas palavras de TARDIF (2002, p.182), “a educação é uma arte, uma técnica, uma interação e muitas outras coisas, mas também a atividade pela qual prometemos às crianças e aos jovens um mundo sensato no qual devem ocupar um espaço que seja significativo para si mesmo...” Complementa, “na educação, o objetivo último dos professores é formar pessoas que não precisem mais de professores porque serão capazes de dar sentido à sua própria vida e a sua própria ação”.

 

            Na busca de caminhos nesta perspectiva, um dos desafios fundamentais para a educação é a tarefa de formar cidadãos para que possam atuar criativamente no contexto social, para exercer seus direitos e serem pessoas felizes. Como também, a socialização criadora e recriadora do conhecimento e cultura, estimulando os alunos a posicionarem-se criticamente diante do instituído transformando-o se necessário.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1.2 ESCOLA

 

            Hoje, como no passado, nos defrontamos com uma escola muito aquém da ideal, e que carrega em seu bojo questões, que foram largamente estudadas pela sociologia como as condições de discriminação, seleção, exclusão e sucesso. A escola que queremos deve trabalhar no sentido de que os alunos assimilem ativamente os conhecimentos e adquirem convicções fundamentais de solidariedade e igualdade entre os seres humanos, assim como hábitos de convivência, luta, de trabalho, de conquista individual e coletiva.

 

            BRANDÃO (1985) destaca que:

 

 “... hoje a escola e tudo o que ela envolve passa por um processo de deterioração e, sob alguns aspectos, está em ruínas. Mas a natureza desta condição é exterior ao sistema educacional que apenas reage como pode a um tipo de mundo que lhe rouba o sentido e a adequação.” (p. 117)

 

            Desde que a escola foi inventada, passaram-se séculos. Muitas coisas mudaram na sociedade, as próprias pessoas mudaram muito, mas a escola praticamente não mudou. A escola continua sendo da Idade Média, portanto, é difícil acreditar que as tentativas de ensinar podem ter êxito num caso desses. E os professores sofrem, porque são trancados dentro de salas com as crianças e não conseguem ensinar, pois já não podem praticar métodos medievais de castigo no ensino.

 

            BRANDÃO (1985) ainda ressalta que:

 

 “... carregada demais de alunos, empobrecida de tempo e recursos, a escola – um espaço tradicional de trabalho simbólico no interior da sociedade moderna – não consegue realizar-se mais como um eixo de ligação vertical entre o passado e o futuro e como um elo horizontal entre família e a sociedade.” (p. 119)

 

            É preciso que a escola  realmente ensine os alunos. Para tanto, os professores não podem abdicar de sua função primeira que é ensinar a todos os alunos, especialmente os que têm mais dificuldades na aprendizagem. Esta não se dá espontaneamente, exige esforço, persistência e trabalho sério, que produza a compreensão da realidade, através de um conteúdos, de uma matéria-prima a ser transformada em reflexão.

 

            Nas palavras de BRANDÃO (1985):

 

“... a escola precisa ser ainda um lugar solidário mas, nem por isso, menos difícil e sério, de exercício de um trabalho regular rígido pelo esforço na superação de si mesmo e pela conquista de um saber de criar, que só a disciplina da rotina persistente do aprender pode reproduzir.” (p. 122)

 

            O papel da escola na sociedade é realizar junto às novas gerações ideais educacionais propostos pela sociedade, em todas as instâncias (família, comunidade, lazer, igreja), transmitindo crenças, idéias e valores, o saber comum, modelos de trabalho, relações sociais, modos de vida, ou seja, as formas peculiares como os membros de uma sociedade entendem e materializam o seu dia-a-dia.

           

            Evidencia-se que a escola continua muito despreparada diante dos alunos que não têm interesse em aulas e não tem significado para eles,  e que não percebem a importância dos saberes transmitido. As tecnologias  podem ajudar,  mas não há computador capaz de convencer um aluno a aderir à cultura escolar.  O trabalho de mediação dos professores continua  sendo essencial para a relação entre o saber e a construção do sentido.

 

            Portanto, a escola não serve apenas para o desenvolvimento de competências e habilidades, através de conteúdos pré-estabelecidos, ela vai muito além disso, ajudando o aluno a ser mais, do que ter mais, oferecendo um caminho para que ele possa percorrer o seu caminho  e construir o seu próprio lugar no mundo, sua identidade.

Os conhecimentos adquiridos fora da escola  representam uma parcela cada vez maior de aprendizagem que se adquire no dia-a-dia. As atividades extracurriculares garantem competências em línguas, música, dança, teatro, informática ou desportos. No entanto, a eclosão das tecnologias multimídia potencializa a interação através de redes, que prefiguram um cenário informativo ao longo de toda a vida.

 

Este cenário poderia fazer com que acreditássemos no fim da escola. Mas o contrário: a escola nunca foi tão necessária. Umas variedades de produtos são ofertadas aos cidadãos, na mais profunda das dissonâncias e ansiedades. E  quanto mais tecnológica é uma sociedade,  mais reflexão e crítica ao nível dos valores sociais e afetivos necessitam. E a escola deve  dar estrutura a este mundo de diversidade, exclusão e de oportunidades raras, fornecendo os contextos e saberes  para uma autonomia e interação nesse mundo.

 

Hoje temos que promover e incutir nos alunos a ousadia, a explicitação da crítica e da reflexão. Não mais alunos dóceis e cândidos, pacientes ouvintes e  executantes. Pretende-se ser autônomos, pensantes e críticos.  Neste sentido, a escola precisa propiciar uma construção coletiva do conhecimento e a problematização de contextos ligadas a vida do aluno, através das vivências e situações diversificadas. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1.3 ENSINO

                       

Numa sociedade de resultados como a nossa, aprender vale menos que ser aprovado. Desde que a escola foi inventada, pouca coisa mudou nela, alguns procedimentos e metodologias continuam sendo da Idade Média, portanto, é difícil acreditar que as tentativas de ensinar possam ter êxito num contexto destes. E os professores sofrem, porque são trancados dentro de salas com as crianças e não conseguem ensinar, pois já não podem praticar métodos medievais de ensino.

 

            É surpreendente como não fica quase nada do que nos foi ensinado na escola. Em geral as coisas estudadas na escola não tem relação de fato com qualquer utilidade ou relevância para o aluno. Outro aspecto desta alienação compreende as palavras ou símbolos usados, que não tem o correspondente simbolizado para o aluno em sua experiência concreta. Isto tem a ver com o fato de freqüentemente o professor falar de alguma coisa da qual nem ele se deu de fato, de como ou onde aquilo se aplica na prática.

 

            Freqüentemente as aulas são apresentadas em forma de memorização de coisas irrelevantes, abordada através de temas ou aspectos que não interessam os alunos. Há ainda outro aspecto, enfadam os alunos a ficarem imóveis e quietos, sentados durante muito tempo a ouvir um mesmo assunto passivamente.  Desta forma podamos a curiosidade natural das crianças em descobrir como funcionam as coisas, em de querer saber como e os porquês do seu cotidiano. E, a medida que avançam na escolaridade o entusiasmo e o gosto por saber mais vai declinando.

 

E, se as crianças não aprendem, quem sabe não são elas as culpadas pelo próprio fracasso. Nos últimos anos, uma verdadeira epidemia de falta de atenção e hiperatividade grassa nos ambientes escolares. Mas é difícil acreditar que as crianças prestem muita atenção a trabalhos escolares descontextualizados com a sua própria realidade. Portanto, se um aluno está desatento a algo que não deveria lhe chamar a atenção, isso não deveria constituir critério de detecção de transtornos.

 

            O ensino atual pouco enseja a oportunidade para que o aluno exercite a verbalização de idéias. O aluno não tem a oportunidade de exercer essa atividade. Neste tipo de ensino o professor é a fonte de todos os conhecimentos e informações bem como da autoridade, ele fala aquilo que deve ser aprendido.             

 

Para Midwinter, citado por FORQUIN (1993):

 

 “... o currículo que mais freqüentemente se propõe aos alunos, representa geralmente, coisas sem valor, desprovida de toda pertinência fora dos limites da sala de aula. Ao contrário, a tarefa do professor é, segundo ele, fazer as crianças conhecerem o melhor possível o contexto no qual elas vivem. Isto implica por ênfase sobre o que existe “aqui e agora”, procurar esclarecer a realidade imediata da criança. Ora o que está próximo, o que é conhecido, o que é pertinente é, no caso presente, o meio urbano. O crescimento da criança dependerá do modo como se desenvolve sua conceitualização de sua cidade, de sua rua, do grupo ao qual pertence. Ela será talvez bombardeada na escola por novos conceitos estranhos, distanciados, bizarros, desprovidos de pertinência e de realismo em relação a seu próprio meio de vida. Ela os rejeitará ou os deformará de modo a torná-los mais aceitáveis para si. É o destino de uma grande parte das informações, das normas e dos ideais escolásticos que se apresenta às crianças em nossas escolas urbanas.” (p.132)

 

Segundo FORQUIN (1993):

 

“A idéia de um currículo centrado na realidade da vida comunitária local foi defendida em particular, no começo dos anos 70, pelos responsáveis do projeto da área de educação prioritária de Liverpool, na Inglaterra. Para eles, o fracasso escolar das crianças dos bairros urbanos desfavorecidos exigia uma abordagem pedagógica radicalmente nova, que devia se apoiar sistematicamente nas características culturais da comunidade na qual vive a criança e procurar estabelecer uma coerência entre a escola e seu meio. Em termos de conteúdo do currículo, isto se traduz por uma crítica radical de toda a cultura escolar tradicional e por proposições completamente novas, que consistem em focalizar o trabalho pedagógico nas realidades da vida social imediata, nos problemas, nos conflitos, nas experiências características do meio urbano, que é aquele onde as crianças vivem e onde mais provavelmente são levadas a passar o resto de sua vida. Visto que o objetivo da escola é exatamente o de preparação para a vida, é necessário fazer com que as crianças se tornem capazes não de se adaptar de modo conformista, mas de responder de maneira ativa e autônoma às solicitações e às determinações de seu meio.”  (p.131)

                       

Grande parte do nosso conhecimento é adquirido pela vivência, é um conhecimento intuitivo, carregado de signos que evidenciam o nosso universo cultural. Pois esse universo é um rico acervo de explicações sobre fenômenos da natureza e nos parece ser este o ponto de partida ideal para a transformação desse saber intuitivo em saber consciente, deste conhecimento adquirido pela vivência em conhecimento sistematizado.

           

            Em geral, não se nota preocupação dos professores com aspectos importantes, como as relações que dinamizam o conhecimento, os métodos e os valores do ensino. São apresentados e cobrados conhecimentos factuais, muitas vezes irrelevantes e desconexos em relação ao dia-a-dia do aluno. Não basta que os conteúdos sejam apenas ensinados, é preciso que se ligue de forma indissociável a sua significação humana e social. O conteúdo deverá ter relevância social, e estar vinculada à explicações da realidade concreta do aluno.

 

É necessário que o aluno se sinta seduzido pelo que lhes é apresentado, que encontrem significação a partir das atividades desenvolvidas, para que possam compreender os enunciados científicos e a construção do próprio ensino. O aluno é o construtor de seus conhecimentos a partir de seus interesses, que o conduz à ação no sentido de tomar para si um dado objeto. O objeto é aprendido por meio de alguma estrutura cognitiva constituída pelo sujeito a partir de seus interesses e necessidades.

 

            O ensino deve promover a leitura do mundo e ampliá-lo. Por natureza a criança explora o seu mundo, melhorando cada vez mais sua leitura de mundo. O ensino deve ser visto como uma continuidade natural desta exploração. Explorando o meio em que vive a criança constrói a sua realidade, adquirindo novos conhecimentos ao mesmo tempo em que se desenvolve intelectualmente.

                                                                                  

            É importante que o trabalho de ensino e aprendizagem tenha por base os conhecimentos que a criança já trás para a escola, e que as descobertas promovidas incentivem os alunos a construírem novos conhecimentos a partir do que já conhece. O aluno que vem para a escola, já percorreu um longo caminho, tendo já desenvolvido uma série de conceitos. Cabe ao professor, criar situações facilitadoras de aprendizagem, que nada mais são do que desafios e aguçar a curiosidade natural em explorar o mundo concreto a sua volta.

 

            Os conteúdos de ensino devem preferencialmente derivar-se do cotidiano dos alunos, de modo que aquilo que aprenderem na escola lhes seja útil para melhorar suas condições de vida e da comunidade onde vivem. As atividades de ensino, não devem se limitar em si, mas devem conseguir envolver a capacidade reflexiva dos alunos, promovendo diálogos e discussões constantes, assim como comunicações orais e escritas dos resultados de seu trabalho.

 

            A escola não deve apenas visar uma descrição do mundo, mas uma compreensão efetiva e crítica, de modo que o aluno se torne sujeito da construção e transformação de sua realidade. Através deste ensino o aluno não só adquire conhecimento científico, mas aprende também solucionar problemas. E para isto não precisa ter equipamentos sofisticados nem requerer que o professor conheça as respostas de todas as questões que propõe aos alunos. Exige, entretanto, disposição para aprender com eles.

 

Conforme NOGUEIRA  (2002):

 

“Claro que uma mudança de cunho paradigmático não é fácil, nem se processa da noite para o dia. Muito ainda teremos que trabalhar para mudar o conceito de que o indivíduo/aluno é tão-só um ser racional, adotando a visão que o compreenda como um corpo, vivo, com suas dimensões mental e racional, que pensa e sente, provoca e reage, faz e desfaz, aprende, desaprende e volta a aprender.”  (p.27)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1.4 CURRÍCULO 

 

Vivemos uma época de constantes transformações tecnológicas e sociais, numa velocidade assustadora. Com isso precisamos refletir e questionarmos nossa prática e procedimentos pedagógicos, a nossa visão de mundo e nossos objetivos. O que a escola ensina e a forma como ela ensina será realmente útil aos educandos, para que exerçam de forma consciente, a sua cidadania e conquistem autonomia dentro deste contexto social?

 

            O que e como estamos ensinando nas escolas, será que realmente está atingindo os nossos alunos, para que consigam ter uma vida melhor, através dos ensinamentos propostos pelos currículos? São questões que me indagam, visto a atual realidade de nossas escolas e as conseqüências vistas na sociedade atual, seja ela a violência urbana, a drogadição entre os jovens, a exclusão social, a evasão, a repetência e a falta de interesse dos alunos nas escolas entre outras mazelas da sociedade.

 

            Por ser um ser inacabado o homem é também dependente de seus pares, constrói-se ao construir seu mundo, que leva sua marca, como obra de sua responsabilidade, e a educação é um fenômeno primordial e básico deste processo. Viver como ser humano é agir sobre si mesmo e sobre seu mundo, com inteligência e liberdade. Hoje denominamos educação como a tarefa de organizar a própria vida e as condições em que ela se desenvolve, conduzida sob a responsabilidade própria.

 

De forma solidária, as sociedades organizam condições e situações próprias para a sua educação, conduzindo políticas, que demonstrem como conduzem suas vidas e suas lutas no âmbito que entendem que deva ser como horizonte determinante das situações que enfrentam. O  desafio da educação como forma de vida e de inserção política no processo de organização e condução da sociedade, é entender e organizar as situações históricas em que vivem. A continuidade da educação se faz através da ação proposital sobre si, através das gerações, através de uma prática consciente e direcionada explicitamente, através de um processo educativo, conduzido teoricamente.

 

A tarefa fundamental de um professor é preparar as situações de ensino de tal maneira que estimulem os alunos a agirem e que os problemas e questionamentos possam ser resolvidos por ele, com base na sua condição de poder fazer suas experiências. Para aprenderem a organiza e a decidir autonomamente, o professor deve programar situações de aprendizagem que possibilitem tais processos.

 

Para tanto, faz-se necessário conceber uma prática pedagógica, que proporcione uma intervenção autônoma, crítica e criativa do aluno numa dimensão realistica social, de modo a modificá-la, tornando distinta daquela existente. Buscando superar através de uma teoria crítica da educação, que possa identificar contribuições específicas da educação no processo de transformação da sociedade.

 

Precisamos ter consciência que o que ensinamos deve servir primeiro para melhorar a qualidade de vida de nossos alunos, tornando-os cidadãos capazes de intervir no processo social de seu tempo, adquirindo autonomia e consciência crítica para escreverem a sua própria história.

 

A escola que queremos deve trabalhar no sentido de que os alunos assimilem ativamente os conhecimentos e adquirem convicções fundamentais de solidariedade e igualdade entre os seres humanos, assim como hábitos de convivência, de luta, de trabalho, de conquista individual e coletiva.

 

Concordando com NOGUEIRA (2002):

 

 “... é preciso entender que a educação deve repensar seus fundamentos. Ou seja, não é mais possível continuarmos a conceber o ser humano como se fez na Antigüidade Clássica, na Idade Média e na Modernidade, até bem pouco tempo. A partir de uma noção mais orgânica e integral da pessoa humana e da realidade, há o reconhecimento da pluralidade de concepção, culturas, espiritualidades e modelos de desenvolvimento sócio-econômicos. Contrariando ao discurso único da globalização voltado para a área econômica, é hora de encarar o desafio de contemplar a diversidade existente entre os indivíduos, grupos e comunidades. Isso significa criar novos espaços para que cada um tenha possibilidade de vivenciar seu modo próprio de estar-no-mundo.  (p. 26)

 

Dentro destas perspectivas, o currículo poderá ser levado para à vida toda de cada um, pois atingira de forma íntegra e completa os seus objetivos, respeitando a individualidade e o contexto de todos, assim certamente deverá ser de tal importância, utilidade e consistência, para que cumpra com  a sua função, de encaminhar os educandos para a construção de uma vida digna e feliz.

 

Para MOREIRA (2001):

 

 “... o currículo constitui significativo instrumento utilizado por diferentes sociedades tanto para desenvolver os processos de conservação, transformação e renovação dos conhecimentos historicamente acumulados como para socializar as crianças e os jovens segundo valores tidos como desejáveis.” (p.11)

 

Sendo desta forma, a discussão em trono do currículo assume cada vez mais um lugar de destaque e importância na educação. Sem um currículo o ensino não teria como transmitir suas mensagens, encaminhar suas significações e transmitir seus valores. É através do currículo que o ensino se realiza como transmissão de alguma coisa cognitiva e cultural.

 

FORQUIN (1993, p.22) descreve que, “um currículo escolar é  um conjunto de situações de aprendizagens às quais um indivíduo vê-se exposto ao longo de um dado período, no contexto de uma instituição de educação formal.” Assim, como John  Kerr citado por FORQUIN (1993, p.22),  define o currículo como “toda aprendizagem organizada ou conduzida pela escola, que se efetua no contexto de um grupo ou de maneira individual, no interior ou no exterior da escola”.

 

Como também, Paul Hirst citado por FORQUIN (1993, p.22),  que define currículo como, “um programa de atividades dos professores e dos alunos, concebido de maneira a que os alunos alcancem na medida do possível certos fins ou certos objetos educativos.”  

 

MOREIRA (2002) apresenta:

 

 “... conhecimento escolar e experiência de aprendizagem como representantes dos dois sentidos mais usuais da palavra currículo. No primeiro, o currículo é visto como o conhecimento tratado pedagógica e didaticamente pela escola e que deve ser aprendido e aplicado pelo aluno. A segunda concepção tem raízes nas visões de educação e de pedagogia quer começam a se delinear a partir do século XVIII, relacionadas às mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais que então ocorriam.” (p. 12)

 ROCHA (2002) aponta que:

 

“... no final dos anos 80, um maior grau de autonomia, ante a influência americana pode ser verificado nos estudos realizados sobre currículo. A influência da tendência crítica fez com que se tornasse explícita uma preocupação com o currículo da escola fundamenta.” (p. 44)

 

Ainda segundo o mesmo autor:

 

“... o pensamento curricular brasileiro inicia a década de 90 sob a influência de um enfoque sociológico. E a grande preocupação dos estudos realizados era com o desvelamento do papel do currículo como espaço de poder. Predominou a idéia de que o currículo só pode ser compreendido quando contextualizado política, econômica e socialmente. Muitas das discussões giravam em torno da relação currículo e conhecimento.” (p. 45)

 

O currículo está sujeito a constantes transformações, dotado de uma história socialmente produzida, sendo resultado de um processo evolutivo, de contínuo aperfeiçoamento. A distribuição de poder e controle social dos comportamentos, se verifica na maneira pela qual uma sociedade seleciona, classifica, distribui, transmite e avalia os saberes destinados ao ensino.

 

A organização de um currículo não se restringe à conteúdos, métodos, procedimentos e avaliações, está além de seus limites, no envolvimento da comunidade, dos professores e alunos com a aventura do conhecimento, e do relacionamento com a realidade. Fica como tarefa da escola formar cidadãos para que possam criativamente no contexto social exercer seus direitos e serem pessoas felizes. E, cabe ao professor alargar o conhecimento dos alunos, já que o mundo é do tamanho do conhecimento que temos dele.

 

Fica claro, desta maneira, que no agir metodológico do professor, ao preparar situações de ensino, ele deve estimular o aluno a agir e que os problemas e questionamentos  possam ser resolvidos por ele, com base na sua condição de poder fazer e de suas experiências. Para os alunos aprenderem a organizar e a decidir autonomamente sobre seus procedimentos e outras medidas nas aulas, o professor deve programas situações de aprendizagem organizada.

1.5 CURRÍCULO OCULTO 

 

A escola ensina muito mais do que acreditamos ou possamos planejar. Às vezes nos preocupamos exclusivamente em ensinar somente a nossa área de conhecimento e/ou aquilo que consideramos mais importante. O currículo oculto demonstra que além das matérias e conteúdos propriamente ditos os professores ensinam muito mais do que isso. Ele é oculto porque não tem a consciência do que realmente estamos ensinando, e de que não estamos fazendo de uma forma reflexiva. 

 

FORQUIN (1993) destaca que:

 

 “... alguns autores insistem menos no aspecto prescrito e intelectual do currículo, no que acontece realmente aos alunos, no plano cognitivo, mas também no plano afetivo e social, devido ao ensino que eles recebem e a sua experiência vivida. O currículo oculto designará estas coisas que se adquirem na escola (saberes, competências, representações, papéis, valores) sem jamais figurar nos programas oficiais ou explícitos.” (p. 23)

                       

Todos concordam que a escola não ensina somente a ler, escrever, calcular, entre outros conteúdos, mas que ela é essencialmente um agente socializador, sendo desta forma um espaço social, que possibilita inúmeras aprendizagens de relações interpessoais e de natureza afetivas, que ultrapassam os limites de um currículo formal e explicito.  Logo o currículo oculto está junto com as normas de comportamento social, como atitudes e valores, como as concepções de conhecimentos, ligadas as experiências didáticas.

 

MOREIRA (2001) cita Appel para relatar a importância para a prática curricular o conceito de currículo oculto. Entendido como:

 

 “... normas e valores que são implícita porém efetivamente transmitidos pelas escolas e que habitualmente não são mencionados na apresentação feita pelos professores dos fins ou objetivos”, menciona ainda que “o conceito de currículo oculto aponta para o fato de que o “aprendizado incidental” durante um curso pode contribuir mais para a socialização do estudante que o conteúdo ensinado.”  (p. 14)

 

Sabemos que currículo significa tudo aquilo que os alunos tem a oportunidade de aprender através do que é formalmente ensinado, e de que mesmo não sendo explicitado, está latente em algumas práticas pedagógicas, do qual chamamos de oculto. Sendo desta forma, não podemos mais continuar com aulas clássicas e tradicionais, onde os alunos ficam a espera de seus professores enfileirados e acomodados calmamente para que a nova aula seja dada.

 

            Os alunos mudaram muito, a sociedade mudou, e não nos permite mais pensar a escola sem observar o contexto local e global em que estamos inseridos. Não podemos deixar de pensar que a escola está inserida em um amplo contexto social, político, econômico e cultural. E, que ao abordarmos um tema temos que perceber inferências provenientes não apenas das decisões governamentais locais ou nacionais, mas também as que acontecem em outras regiões do planeta e que aos poucos promovem mudanças em nosso cotidiano.

                       

            O currículo oculto é uma forma de redimensionar a nossa prática pedagógica e questionar nossos caminhos, valores, posturas e até mesmo nosso conhecimento. Isso significa que não podemos desprezar os currículos oficiais e sim melhorá-los criando elos entre a atuação da escola e a realidade em que vivemos.       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2 O LÚDICO NO ENSINO

 

 

 

2.1 O DESINTERESSE PELAS AULAS

 

As inovações tecnológicas, sobretudo o mundo virtual da comunicação deu lugar para uma inovação na transmissão de informações em nossa sociedade, conforme SACRISTÁN (1998):

 

 “... é um poder para configurar as mentalidades do homem a tão diversas influências proporciona a possibilidade de uma certa democratização dos saberes.” (p.72)

 

             Com tal poder de atrair as pessoas, o autor faz com que refletimos sobre outra questão:

 

 “... programas sobre a natureza, por exemplo, são uma fonte de conhecimento e cultura mais atrativa e eficaz que muitos programas , livros escolares e professores, que continuam insistindo em classificações dos animais e plantas, em preconizar a aprendizagem das funções mais do que as funções de uma flor, etc.” (p.72)

 

 Ainda o mesmo autor complementa que:

 

 “... alguns oportunos programas televisivos sobre o mundo animal ou sobre a natureza, em geral fizeram mais pelo conhecimento de uma cultura ecológica, pela sensibilização frente à degradação da vida vegetal e animal, do que muitos anos de ensino das Ciências da Natureza em nossas escolas.” (p.72)

 

Desta forma, mais do que nunca, não podemos ignorar o mundo tecnológico das comunicações, e toda a sua repercussão e interferência no dia-a-dia na vida dos nossos alunos, não é mais possível fecharmos os nossos olhos para essa nova geração de jovens que já relacionam-se com as novas mídias de forma diversa e já existem sinais de um novo processo de produção de conhecimento, ainda desconhecido pela escola. O grande desafio é pensamos nas tecnologias a serviço da produção de conhecimento e de cultura,  e não sermos meros consumidores de um conhecimento pronto que passa agora a circular e ser entregue via as ditas novas tecnologias.

 

Em contra partida verificamos que há muito tempo, instituiu-se que a escola seria fechada, silenciosa, dividida, assim como é hoje, em disciplinas. Os alunos ficariam trancados em salas e confinados em reduzidos espaços, sentados durante horas. Os contatos com outros alunos seriam mínimos, só se poderia falar com autorização dos professores, quando houvesse oportunidade. O lúdico, através do jogo e das brincadeiras, seria o grande inimigo da disciplina, e deveriam ser banido das instituições escolares.

 

            Apesar das técnicas, métodos, recursos e professores bem intencionados, o ensino em geral continua a não atender aos objetivos para o qual ele é proposto. Continua-se dando ênfase ao aspecto informativo e a aula expositiva. Basicamente, está se fazendo com que o aluno adquira conhecimento através da transmissão verbal ou escrita. Forma-se assim, um verdadeiro ciclo. O professor explica aos alunos como são as coisas. O aluno anota tudo no caderno.

 

            Em nossas escolas o conhecimento é aceito passivamente. Em época de provas o conteúdo é estudado ou seja decorado. Durante a verificação o pretenso conhecimento é posto na prova, a qual é entregue ao professor. Fecha-se o ciclo: livro-professor-aluno-rascunho-caderno-prova-professor.

 

Segundo SACRISTÁN (1998):

 

 “O modelo do “bom aluno” se define dentro da instituição escolar em relação aos comportamentos que favorecem a realização das tarefas que lhes são exigidas. Quando os alunos entendem o que se pede deles em diferentes tipos de atividades, auto-regulam seu comportamento de acordo com a norma requerida para cada tarefa.” ( p.227)

 

A escola é um mundo de silêncio e imobilidade, onde os papéis de cada um estão previamente determinados. O aluno cala, escuta, obedece e é julgado. O professor sabe, ordena, decide, julga, anota e pune. É comum que um professor seja considerado um bom profissional quando seus alunos se mantêm quietos e comportados durante as aulas. Classes barulhentas são normalmente tidas como sendo conduzida por professores permissivos e sem autoridade.

 

            Para aprender significa repetir o certo. Aprender  parece ser repetir palavras difíceis. Até mesmo o significado das palavras parece não ser algo importante. Em geral os assuntos estudados na escola não têm qualquer utilidade ou relevância para o aluno. As palavras ou símbolos usados pelos professores não tem o correspondente simbolizado para o aluno em sua experiência concreta.

 

            Outro fato que verificamos nas escolas é o uso equivocado dos jogos, principalmente quando deixam os alunos brincarem como quiserem, de acordo com suas necessidades, o professor só observa, e/ou intervém só para resolver os conflitos, como se a brincadeira não precisasse de algum aporte. Com essa concepção, o professor abdica de seu papel na interação e interlocução com o aluno, deixando de ser um parceiro no processo de aprendizagem.

 

            O objetivo principal do professor  deve ser o de despertar o interesse dos alunos, de modo a conseguir sua atenção. O incentivo à aprendizagem é o conjunto de estímulos que desperta nos alunos a sua motivação, de forma que suas necessidades, interesses, desejos, sejam, canalizados para as tarefas de estudo.  Para SACRISTÁN (1998):

 

 “... o professor é o mediador entre o aluno e a cultura através do nível cultural que em princípio ele tem, pela significação que atribui ao currículo em geral e ao conhecimento que transmite em particular e pelas atitudes que tem para com  o conhecimento ou para com uma parcela especializada do mesmo.” (p. 177)

 

            Se faz mister proporcionar ao aluno independência, valorizando a iniciativa, a responsabilidade e o uso da experiência pessoal, para que se tornem fatores motivacionais na construção do auto conhecimento; deve-se proporcionar a possibilidade de criticar, questionar, argumentar, discutir suas experiências à luz de teorias.

 

            Não podemos nos esquecer que a aquisição do conhecimento pode e deve envolver o aspecto lúdico do mesmo: o brincar de descobrir e de saber. A aquisição do conhecimento pode e deve ser acompanhada também do prazer de descobrir. Aprender não tem que ser uma coisa chata.

 

O ensino  deve procurar conservar o espírito lúdico das crianças, o que pode ser conseguido através da proposição de atividades desafiadoras e inteligentes. As experiências devem ser de tal espécie que promovam uma participação alegre e curiosa das crianças, possibilitando-lhes o prazer de fazerem descobertas pelo próprio esforço. Assim, o ensino de ciências estará integrando mundo, pensamento e linguagem, possibilitando às crianças uma leitura de mundo mais consciente e ampla.

 

É por meio do lúdico e de um mundo de fantasias, de encantamentos, de alegrias, de sonhos que a realidade e o faz de conta se confundem, fazendo com que o indivíduo construa a sua concepção de mundo e a sua própria identidade, oportunizando seu conhecimento e aprendizagem por meio da brincadeira e tudo o que gira em torno dela. O jogo torna tudo, então, muito estimulante e prazeroso e com isso oportuniza ótimos ressaltados no desenvolvimento emocional, cognitivo, motor e social do ser humano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2.2 O LÚDICO

 

Desde o século passado, o significado e a importância do lúdico, através do jogo e do brincar na vida humana, tem sido objeto de estudo de diferentes áreas do conhecimento. Esta evidência é verificada quando passamos a analisar as inúmeras teorias sobre o jogo.

 

            Grande parte destas teorias, embora apresentem pressupostos epistemológicos distintos e variam de acordo com autores e épocas, enfocam o papel do jogo e do brincar no processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança. Assim, encontramos entre os vários e distintos pensadores ao longo do século passado, a consolidação da tríade lúdico/criança/educação.

 

            Atualmente, podemos dizer que o conhecimento e a divulgação destes estudos ampliaram significativamente as reflexões e discussões sobre o tema, determinando uma crescente valorização do jogo e brincadeiras recreativas nos programas educacionais dirigidos ao ensino fundamental. Nas palavras de NEGRINE (1994):

 

“... muitos estudos científicos nos últimos anos passaram a considerar o jogo como elemento importante no desenvolvimento da criança e seus resultados começam a provocar muitas reflexões, tanto da psicologia educativa como da pedagogia, sob sua aplicabilidade educacional e ação docente.” (p.17)

 

            O valor pedagógico atribuído ao lúdico, através do jogo e das brincadeiras, como estratégia de ensino e aprendizagem no contexto educacional, direcionou a minha reflexão ao ensino. De acordo com FREIRE (1984, p.114), “o jogo não se trata de um jogo qualquer, mas sim um jogo transformado em instrumento pedagógico, em meio de ensino”.  Para este autor, o rico e vasto mundo da cultura lúdica, representado por jogos e brincadeiras, deve ser o ponto de partida para o fazer pedagógico. 

 

            Analisando diversos autores e suas teorias sobre o jogo, encontrei diferentes pontos de vista sobre o assunto, são teorias clássicas, as que relacionam o jogo a educação,  as psicológicas e as psicanalíticas.

 

            Entre as teorias clássicas, os pensadores do século XIX como  SCHILLER (1875) e SPENCER (1897), em suas teorias filosóficas estéticas e psicológicas, concebem o jogo como um dos fenômenos mais abrangentes da cultura humana e relacionam sua origem à arte.

 

            A noção de jogo se encontra estritamente ligada ao prazer e à criação, uma vez que jogador e artista se distanciam do mundo de restrições cotidianas ao escolherem jogar ou criar uma obra.

 

            Tomando como referência os estudos de BROUGÈRE (1998), constato que o jogo associa-se à educação desde os meados do século XVII, como meio de facilitar o ensino, partindo da relação intrínseca entre jogo e infância, este é utilizado como meio para que as crianças se motivem, para aprendizagem dos conteúdos escolares.

 

            Esta maneira de compreender o jogo sofre mudanças no século XVIII com o surgimento de uma nova imagem social da infância. Fundamentados pelo pensamento do Romantismo e pelos pensadores humanistas do Renascimento, institui-se uma concepção idealista e protetora da infância. Iniciam-se a elaboração de métodos próprios para a educação da criança, valorizando seus interesses, necessidades e espontaneidade natural, o que determina uma reavaliação do jogo que aparece como um comportamento intrinsecamente associado à infância, assumindo a função educativa de preservar os princípios da moral e da ética na educação das crianças.

 

            Maria Montessori (1870-1952), médica italiana, criou a “A casa de Bambini” e o método “montessori”, influenciada pela psicologia experimental, a concepção montessoriana deu ênfase ao aspecto biológico do crescimento e desenvolvimento de cada função do organismo. Para isto, elaborou os jogos pedagógicos, especialmente para a educação dos sentidos.

 

            De acordo com KRAMER (1989) e WAJSKOP (1995), os pensamentos dos autores desta época, constituíram-se em referências centrais para o movimento da Escola Nova na medida em que exaltaram a natureza infantil, valorizando seus interesses e necessidades e dando ênfase ao caráter lúdico das atividades infantis.

 

            Consoante com GARAIGORDOBIL (1990), Claparéde e Decroly foram os primeiros criadores de uma pedagogia que integrou realmente o jogo ao ensino, valorizando seu importante papel como instrumento de estimulação de pensamento. Esta autora diz ainda que o jogo é fonte de aprendizagem, porque estimula a ação, a reflexão e a expressão por parte da criança.

 

            As teorias psicológicas, de acordo com BROUGÈRE (1998), se desenvolvem com o método científico direcionado ao nascimento de uma psicologia da criança.

 

            Partindo do pressuposto que o jogo tem uma função no desenvolvimento infantil, surgem diversas teorias que buscam a valorização e o reconhecimento da atividade lúdica na infância.

 

            Surgem as teorias de Piaget, Wallon e Vygotski e seus seguidores, que constataram o jogo um importante meio de estudo, do desenvolvimento e comportamento da criança.

 

            Por fim, o jogo nas concepções psicanalíticas, onde jogo, brinquedo, brincadeira são palavras chaves na psicanálise da criança, na medida em que são consideradas um meio para investigar o desenvolvimento psíquico infantil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2.3 O LÚDICO NA ESCOLA

 

            Jogando, os alunos, trazem para dentro da escola suas casas, seu bairro, sua cidade, seus sentimentos e emoções, suas relações em sociedade, seus desejos, sua lógica, seus gestos. Trata-se de trazer o mundo real para dentro da sala de aula. O jogo permite que as crianças vejam com consciência, por estarem distanciadas, a realidade para compreendê-la.

 

            A importância do lúdico na escola se insere nesse contexto. O jogo e o brincar servem de elo entre o mundo interior e a realidade externa compartilhada, serve de comunicação com o nível mais profundo.

 

            Por isso, jogar e brincar é coisa séria. Veicula potencialidades, materializa e simboliza conflitos, realiza desejos e é, por isso, meio de fazer conhecimento, de experimentar o desconhecido de si em si. O lúdico, através dos jogos e brincadeiras exprimem sentimentos amorosos e agressivos, e , por vias aceitáveis, transforma a agressividade, recriando o mundo, e nele criando o que “não existe.”

 

            O desenvolvimento da instrução foi almejado com a criação das escolas. Para tanto ela deveria iniciar-se na infância, porém tendo o professor lugar estratégico. Nesta construção, a escola se organizou como uma instituição centrada no professor, que tinha a tarefa por transmitir ao aluno as disciplinas e o conhecimento científico e cultural acumulado. O paradigma principal era o de que o professor ensina a lição e os alunos aprendem. Para a escola o jogo e o brincar não foram considerados e pouco contribuíram para revelar a importância e o papel das representações simbólicas e lúdicas no contexto mais amplo da realidade escolar.

 

            Desse modo, a escola demonstrava uma concepção passiva de indivíduo, não houve espaço para a valorização do lúdico articulado com uma concepção de aluno como sujeito ativo. A perspectiva ativa de ensino procura propiciar uma ação educativa articulada com a cultura, meios facilitadores para que os potenciais do aluno possam emergir. Assim, esta concepção se revela como um espaço adequado para valorizar o jogo e o brincar.

 

            O lúdico é inclusivo e essencial para a formação dos alunos, e que deve ser redimensionado no contexto escolar. É a partir da ação que a criança desenvolve sobre o meio físico e social que se formam as estruturas de pensamento. A resolução dos problemas postos nos jogos e brincadeiras implica novas estratégias que promovem o desenvolvimento de novas estruturas mentais.

 

            No ato de jogar e brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo que parece ser. Ao jogar e brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem. Sendo assim, elas transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais joga e brinca.

 

            Nota-se, que ainda hoje, muitas escolas e professores não compreenderam que o lúdico é de suma importância para o desenvolvimento do aluno, não só como fonte de prazer, mas também de conhecimento. No jogo e brincadeiras ela compreende, encena e reinventa a realidade, utilizando regras de comportamentos socialmente construídas e transmitidas. Resgatar o aspecto lúdico significa contribuir para que a escola venha priorizar a liberdade de expressão e criação, tão fundamentais para a formação de um cidadão crítico.

 

            A escola deveria ser uma grande oficina lúdica, e enquanto instância social, diversificar e descentralizar as ações educativas, passando a utilizar outros meios disponíveis na comunidade, apelando para o jogo e brinquedo como possibilidade de diversificar as experiências educativas. E principalmente, apontar um ensino, pautado na vida cotidiana, que não seja entendido simplesmente como palco de práticas mecanizadas e rígidas, pois ela contém uma multiplicidade de potencialidades.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2.4 O LÚDICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

 

            Ensinar e aprender não podem dar-se fora da alegria do lúdico, através dos jogos e das brincadeiras, cabe, portanto à educação hoje a árdua tarefa não só de transmitir conhecimentos, mas principalmente esperança e alegria. Para demonstrar isto, basta observar o cotidiano das escolas atuais, onde sorrir para os alunos e mostrar os dentes é perder a autoridade, ou seja, os alunos não respeitarão mais os professores.

 

            CANIATO (1991) nos faz refletirmos sobre o desinteresse dos alunos à medida que avançam na escolaridade “é notória a curiosidade natural de quase todas as crianças pelas coisas da natureza. É muito raro que não goste de saber ou não se interessem por descobrir como funcionam as coisas e os bichos: a natureza”. É verdade que na maioria das vezes as aulas são abordadas através de temas ou aspectos que não podem interessas os alunos. O autor complementa,  “freqüentemente ela é apresentada em forma de memorização de coisas irrelevantes”.

 

            Basicamente, o ensino de Ciências Naturais está fazendo com que os alunos adquirem conhecimento através da transmissão verbal ou escrita. O conhecimento é aceito passivamente. Desta forma, o ensino caracteriza-se por um estímulo artificial, através de provas escritas, em que a avaliação é fita por notas, a partir de aulas expositivas com noções soltas.

 

            Para SONCINI (1991, p. 68), “a exploração do aspecto lúdico é uma das técnicas que pode facilitar a elaboração de conceitos, desde que acompanhada de subsídios para a interpretação do jogo”. O mesmo autor destaca que, “ cada jogo deve-se levar em conta as habilidades que se pretende desenvolver - estímulo à memória, capacidade de transferência de conceitos já apreendidos, análise e interpretações de situações-problema, relacionamento de situações – enfim, para se chegar a um objetivo”.

 

            Para utilizar o jogo ou as brincadeiras no ensino de Ciências Naturais, o professor deve explorar o que o jogo pode oferecer como estrutura e relacioná-lo com os conteúdos escolares. Os jogos e brincadeiras permitem que os alunos pensem sobre os desafios propostos em termos das possibilidades de solução. 

 

            No âmbito das aulas de Ciências Naturais os jogos e brincadeiras ainda não constituem recursos de uso freqüente, entretanto vem ganhando respaldo cada vez maior através de vários estudos sobre sua utilização, como também vem crescendo o número de jogos propostos para o ensino específico de conceitos ou processos biológicos.

 

            A aprendizagem resultante do jogo ou das brincadeiras com o objeto de estudo é uma experiência que dificilmente cai no esquecimento, daí a importância do lúdico nas aulas de Ciências Naturais. Muito se tem falado da importância do lúdico e pouco tem sido feito em relação ao desenvolvimento desta nas escolas.

 

            O lúdico deve fazer parte integrante do programa curricular do professor de Ciências Naturais, sendo um recurso didático-pedagógico do processo de ensino, e não simplesmente como recurso de última hora, pois por meio dos jogos e brincadeiras os alunos conseguirão assimilar diversas situações que de outra forma pareciam complexas.

 

            Constatando a necessidade de uma ruptura do ensino de Ciências Naturais tradicional formal, quando abordamos o lúdico, opta-se por um ensino mais dinâmico, humanista, voltado para o desenvolvimento de habilidades, para ensinar a pensar e refletir, por práticas pedagógicas que valorizam a ludicidade, no desafio de uma educação de qualidade, que contribua para acabar com a inutilidade de temas irrelevantes ou sem sentido para os alunos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3 A PESQUISA QUALITATIVA

 

 

3.1 METODOLOGIA

 

            Recorrendo a minha própria experiência e em depoimentos de professores de ciências, constato que estes, de maneira unânime, consideram o lúdico uma estratégia pedagógica importante e indispensável. No entanto, quando procuram justificar seus benefícios, não apresentam argumentos cientificamente consistentes e coerentes. Consequentemente, o valor pedagógico como estratégia de ensino atribuído ao lúdico, no ensino de ciências naturais, tem recebido diferentes discursos que parecem encobrir práticas e justificativas.

 

            Considerando que o professor é o responsável direto pelo valor educativo que o lúdico assume como estratégia no ensino de ciências das séries do terceiro ciclo do ensino fundamental, as indagações que norteiam meu pensamento no momento em que comecei a desenhar este projeto de investigação, orientam-se nos seguintes sentidos.

 

            Qual serão, realmente, as atividades lúdicas que vem sendo aplicado como estratégia no ensino de ciências naturais das séries do terceiro ciclo do ensino fundamental?

 

            Como os professores de ciências naturais justificam a presença e a importância do lúdico como estratégia na sua ação educativa?

 

            Como o lúdico, enquanto estratégia pedagógica se caracteriza na prática pedagógica dos professores de ciências naturais?

 

            Em função destas indagações, defini o tema deste estudo:

 

“o lúdico como estratégia de ensino e aprendizagem nos dizeres e fazeres dos professores de ciências naturais que atuam no terceiro ciclo do ensino fundamental.”

 

A escolha e a motivação por este assunto me remetem a inúmeras inquietações, anseios e dúvidas, presentes em minha trajetória profissional.

Atuar como professor de educação física e ciências naturais ao mesmo tempo em várias escolas públicas, possibilitaram-me ver e vivê-las sob dois diferentes ângulos: a prática pedagógica na realidade escolar com todos seus problemas e desafios e a responsabilidade do ensino e aprendizagem dos alunos.

 

Vivenciando e refletindo esta experiência, entendo que este estudo só teria sentido se pudesse contribuir para qualificar nossa prática pedagógica e promover possíveis mudanças superadoras e qualitativas no ensino das ciências naturais das séries do terceiro ciclo do ensino fundamental.

 

No desenvolvimento das etapas da fase exploratória deste trabalho de conclusão, analisamos a conveniência e a utilidade de uma abordagem metodológica disponível, para se cumprir os objetivos propostos na investigação.

 

            Constatamos que, nas últimas décadas, emerge no campo de produção do conhecimento em Ciências Biológicas, mudanças significativas com relação aos paradigmas de investigação adotados. o crescimento da aplicação de abordagens de pesquisa, inspirada nas Ciências  Sociais e Psicologia, aos estudos relacionados com o ser humano na educação, rompeu com a hegemonia do paradigma quantitativo.

 

            Procurando ampliar a compreensão a respeito dos paradigmas de investigação educativa, apoiamo-nos nos ensinamentos de NEGRINE (1999) que buscou, em Arnal, as características que definem tipos de paradigmas: positivista e interpretativo.

 

            1. Positivista: Recebe a denominação de paradigma quantitativo, racionalista, empírico-analítico e se define pela presença das seguintes características:

           

            a) o mundo natural possui existência própria.

 

            b) está controlado por leis que permitem explicar, predizer e controlar os fenômenos.

 

            c) o conhecimento é obtido pela experimentação e considerado objetivo, factual e válido para todos os tempos e lugares.

 

            d) utiliza a via hipotético-dedutiva como lógica metodológica para todas as ciências.

 

            e) determina, na natureza, a existência de certo grau de ordem e uniformidade.

 

            2. Interpretativo: qualitativo, fenomenológico, naturalista e humanista são alguns das denominações deste paradigma que se caracteriza por:

 

            a) estudar as características dos processos sociais (motivações, crenças, intenções) que não podem ser observados diretamente e não são suscetíveis de experimentação.

 

            b) enfatizar a compreensão e descrição do que é único, particular do sujeito, não se preocupando com a generalização dos resultados.

 

            c) buscar objetividade no âmbito dos significados, enfatizando os aspectos subjetivos do comportamento humano.

 

            De acordo com NEGRINE (1999), os paradigmas propostos, apresentam uma grande pluralidade de abordagens e métodos e a opção sobre um ou outro está diretamente relacionada com o que o pesquisador pretende investigar.

 

            Considerando a área de interesse deste estudo, a Ciências Biológicas, no âmbito escolar e, principalmente o problema formulado: “Quais os significados que os professores atribuem ao lúdico, quando o utilizam como estratégia de ensino no terceiro ciclo do ensino fundamental?”, definimos nossa opção metodológica para o paradigma interpretativo/qualitativo. Ao nosso entendimento, a abordagem qualitativa é a mais adequada para estudar cientificamente questões que envolvam comportamentos humanos e sociais, âmbito no qual se situa esta investigação.

 

 

 

 

 

 

 

3.2 DEFINIÇÃO DOS PARTICIPANTES

 

            Para selecionarmos os participantes desta investigação, utilizamos os estudos de MINAYO (1988), que definem as principais características da amostragem na investigação qualitativa, apontando os seguintes critérios básicos:

 

            a) privilegiar os sujeitos sociais que apresentem os atributos enfocados na investigação, ou seja, a escolha dos locais e dos participantes deve conter o conjunto de experiências que se pretende objetivar com a pesquisa.

 

            b) estabelecer um número suficiente de participantes, para possibilitar certa reincidência de informações.

 

            c) entender que na homogeniedade fundamental relativa aos atributos, o conjunto dos participantes possa ser diversificado, a fim de possibilitar a apreensão de semelhanças e diferenças.

 

            Em consonância com MINAYO (1998):

 

“... numa abordagem quantitativa, definida a população, busca-se um critério de representatividade numérico que possibilite a generalização e mais com o aprofundamento e abrangência da compreensão, seja de um grupo social, de uma organização ou de uma instituição.” (p. 102)

 

            Considerando estes pressupostos e os objetivos do estudo, optamos pela escolha das Escolas Municipais, Estaduais e Privadas. Atualmente, o município de Novo Hamburgo/RS, conta com 97 escolas, destas 55 são Municipais, 29 são Estaduais e 13 são Privadas.

 

            Após contato com a Secretaria Municipal de Educação, com a 2ª Coordenadoria  Estadual de Educação e com as Direções das escolas privadas, obtivemos o levantamento das escolas municipais, estaduais e privadas, dos professores de ciências naturais, com respectivas titulações e tempo de serviço que atualmente, exercem sua ação docente nestas escolas. 

 

            A partir desta realidade, para selecionarmos os professores participantes do estudo, definimos os seguintes pré-requisitos:

            1. Estar atuando no terceiro ciclo do ensino fundamental.

 

            2. Estar lecionando Ciências Naturais.

 

            3. Ser formada em Ciências Biológicas.

 

            4. Estar de acordo em participar do estudo.

 

            Estas características presentes na trajetória profissional dos professores, em nossa opinião, contribuem para uma atuação mais qualificada dos mesmos.

 

            Considerando as escolas Municipais, Estaduais e Privadas, selecionamos 25% de escolas por rede escolar, e um professor em cada escola que se ajustasse ao perfil definido, o que determinou a participação de 14 professores da Rede Municipal, 7 professores da Rede Estadual e 4 professores da Rede Privada de Ensino.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3.3 DEFINIÇÃO DA TÉCNICA DE COLETA DE INFORMAÇÕES

                       

            Tendo como referência o estudo dos limites e possibilidades das diversas técnicas e instrumentos indicados para a coleta de informações, optamos por utilizar, nesta investigação, o questionário (ANEXO 7), com questões abertas de resposta dissertativa livre e uma questões de múltipla escolha.  Esta técnica forneceu dados significativos para o alcance de nosso objetivo.

                       

            Na busca de uma utilização eficaz e consciente desta técnica, julgamos importante apresentas as principais características que há definem.

 

            O questionário é definido por Hayman (1974) citado por TRIVIÑOS (1999) como, “uma lista de perguntas mediante a qual se obtém informações de um sujeito ou grupo de sujeitos por meio de respostas escrita”.

                       

            Desta forma, o questionário foi elaborado com perguntas escritas “fechadas e abertas”, com a finalidade de averiguar a opinião dos professores de Ciências Naturais sobre o tema em questão, cientes que, o valor do questionário depende da riqueza das questões que contém, da precisão como elas estão colocadas e da adequação de sua extensão.

 

            Ao utilizarmos o questionário como único elemento na coleta de informações do estudo, definimos quatro categorias de análise, sendo elas cognitivo, afetivo, social e motor, para garantir certa coerência interna do estudo. Nesse caso, as perguntas encaminham-se nessa direção estando ajustadas ao problema e aos objetivos do estudo.

 

Com a intenção de buscar explicações para o tema: “o lúdico como estratégia pedagógica nos dizeres e fazeres dos professores de ciências naturais que atuam no terceiro ciclo do ensino fundamental”, configuramos a investigação formulando o problema que servirá de fio condutor ao trabalho que pretendo realizar:

           

            - Quais os significados que os professores de ciências naturais atribuem ao lúdico, quando o utilizam como estratégia de ensino e aprendizagem no terceiro ciclo do ensino fundamental?

 

            Com a finalidade de buscar respostas para o problema proposto, formulei os seguintes objetivos:

 

            - Identificar as características e os tipos de atividades lúdicas privilegiados como estratégias de ensino e aprendizagem no ensino da ciências naturais no terceiro ciclo do ensino fundamental;

           

- Verificar o valor que os professores de ciências naturais atribuem ao lúdico como estratégia de ensino e aprendizagem;

           

- Analisar as estratégias utilizadas para ensinar os conteúdos de ciências naturais através das atividades lúdicas.

 

            Tomando como referência o problema e os objetivos do estudo, defini algumas questões a fim de melhor orientar o processo de investigação:

 

            - Como os professores de ciências naturais definem o termo “lúdico”?

 

            - Quais as características e os tipos de atividades lúdicas presentes no ensino da ciências naturais no terceiro ciclo?

           

- A partir de quais critérios e pré-requisitos as atividades lúdicas são selecionadas?

           

- Enquanto estratégia pedagógica como o lúdico é trabalhado?

           

- Como os professores de ciências naturais justificam a presença e a importância do lúdico na sua ação educativa?

           

- Que atitudes e valores são transmitidos pelos professores através da utilização do lúdico no ensino?

 

 

 

3.4 DESCRIÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

 

            Considerando o paradigma do estudo e o método utilizado, as informações coletadas foram analisadas e interpretadas de acordo com as evidencias que foram encontradas,no decorrer do processo de investigação.

 

            A definição em utilizar, como instrumento de coleta de informações, o questionário permitiu a categorização das informações e, consequentemente, se fazer inferências, tendo como eixo norteador o problema e os objetivos da pesquisa. Para tanto, criamos algumas categorias de análise, uma vez que esta é uma das características do estudo qualitativo.

 

            Queremos deixar registrado, também, que não houve, neste estudo, em nenhum momento, a preocupação de generalização dos achados, já que o corte da pesquisa que utilizamos se destina a contextualização das informações.

 

Para categorizar os resultados das entrevistas realizadas com os professores de Ciências Naturais do terceiro ciclo do Ensino Fundamental das escolas privadas e públicas municipais e estaduais de Novo Hamburgo, utilizamos os objetivos educacionais de acordo com alguns autores descritos a seguir.

 

A abrangência dos objetivos no ensino, segundo SCHMITZ (1993) deverão abordar todos os domínios da vida humana:

 

“Cognitivo: refere-se ao domínio da razão, da inteligência, compreendendo desde simples informações, conhecimentos específicos, intelectuais, até idéias, princípios, habilidades mentais, análise, síntese, aplicação... Afetivo: referindo-se ao domínio dos valores, das atitudes, das apreciações, das decisões. Deveriam ser considerados os inspiradores dos outros objetivos, pois se referem aos valores, ao aprofundamento humano na situação da educação. Não podem ser separados dos outros domínios. Psicomotor: referem-se mais a habilidades operativas ou motoras. Entretanto, nem estes podem ser separados dos anteriores, nem os anteriores podem prescindir destes.” (p.98)

 

            SCHMITZ (1993) ainda alerta para o fado de que, embora representem três domínios do homem, retrata apenas uma realidade total, o homem concreto como uma unidade psicofísica: intelectual, moral, espiritual. No momento em que se separam os domínios, também se dissociam os objetivos e se dicotomiza o próprio homem. Educação, pois, é integração e jamais separação:

 

“ O homem, o sujeito da educação, deverá ser considerado como um ser uno, unificado pela sua consciência e responsável por sua vida, por causa de sua liberdade. Qualquer atitude ou iniciativa contrária a essa visão unificada do homem é aleatório à dignidade humana, e,  portanto, anti-educativa.” (p.99)

 

            ZANDAVALLI (1982) descreve que os objetivos educacionais devem dar direção ao processo de aprendizagem e determinar a natureza dos dados que devem ser usados na avaliação. E ainda, classifica metodologicamente três grandes áreas ou domínios de aprendizagem humana:

 

“... cognitiva, afetiva e psicomotora. O domínio cognitivo inclui os objetivos relacionados às condutas que enfocam os processos mentais ou intelectuais de quem aprende, por exemplo: interpretar, aplicar, julgar criticamente, analisar, etc. O domínio afetivo se refere a conduta que enfatizam atitudes, valores, emoções, sentimentos, interesses, por exemplo: apreciar, valorizar, cooperar, conviver, assumir uma escala de valores, etc. O domínio psicomotor se refere a condutas que enfatizam destrezas motoras, o manejo de objetos ou qualquer ato que exija coordenação neuro-muscular, por exemplo: escrever, manejar máquinas e instrumentos, nadar, etc.” (p.    )

 

            LIBÂNEO (1991) confere aos objetivos educacionais um ponto de partida, como premissa do processo pedagógico, representando as exigências da sociedade em relação à escola, ao ensino, aos alunos e, ao mesmo tempo, refletem as opções políticas e pedagógicas dos agentes educativos em face das contradições sociais existentes na sociedade.

 

            LIBÂNEO (1991) apresenta alguns critérios de seleção de procedimentos educacionais para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem em função de objetivos sócio-políticos que expressem os interesses do povo, das condições locais da escola, da problemática social vivida pelos alunos, das peculiaridades sócio-culturais e individuais dos alunos. A educação escolar deve contribuir na ampliação da compreensão da realidade, garantir a todos, sem nenhuma discriminação de classe social, cor, religião ou sexo, uma sólida preparação cultural e científica. Assegurar o máximo de desenvolvimento de suas potencialidades, tendo em vista auxiliá-las na superação das desvantagens decorrentes das condições sócio-econômicas desfavoráveis.

 

            Ainda segundo LIBÂNEO (1991) o ensino deve formar a capacidade crítica e criativa e à aplicação dos conhecimentos e habilidades em tarefas teóricas e práticas. Os objetivos da escola não se esgotam na difusão dos conhecimentos sistematizados; antes, exigem a sua vinculação com a vida prática. O professor não conseguirá formar alunos observadores, ativos, criativos frente aos desafios da realidade se apenas esperar deles a memorização dos conteúdos. Deve, ao contrário, ser capaz de ajudá-los a compreender os conhecimentos, pensar sobre eles, ligá-los aos problemas do meio circundante.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3.5  RESULTADOS

 

O lúdico tem sido objeto de estudo, debates e conferências tanto a partir de uma linha pedagógica como numa perspectiva do lazer e entretenimento. Há tentativas  no meio acadêmico de entender e estabelecer uma vinculação entre o prazer e a educação. A certeza reside no fato de que precisamos caracterizar, com maior clareza o lúdico no ensino de ciências, que ao meu ver, engloba e reflete as grandes contradições da sua prática nos dias atuais.

 

            É importante que se contextualize o lúdico no ensino de ciências naturais, enquanto campo metodológico. É preciso encontrar a razão e necessidade dessa prática para o aluno, para o professor e para a escola. É o que proponho nesse trabalho de conclusão. Investigarei, com base na prática cotidiana dos professores, da sistematização dos depoimentos e da literatura, estabelecer a importância e o sentido do lúdico no ensino de ciências naturais nos dizeres e fazeres dos professores nas escolas públicas municipais, estaduais e privadas de Novo Hamburgo/RS, que configurei em 4 categorias, segundo os domínios educacionais objetivados no ensino, sendo elas:

 

a) domínio cognitivo;

 

b) domínio afetivo;

 

c) domínio social;

 

d) domínio motor.

 

3.5.1 Domínio Cognitivo

 

            Desenvolvemo-nos cognitivamente ao longo da vida através de diferentes fases que envolvem diversos processos mentais, um deles é o processo de formação de conceitos que tem início na infância e amadurece somente na puberdade. Durante a infância a criança adquire capacidades de conceituação, que consistem o início desse processo. A formação de conceitos envolve todas as funções mentais superiores, que é um processo mediado por palavras, sendo o principal meio para centrar a atenção e abstrair os signos.

 

            Através das atividades lúdicas podemos observar como o aluno reage diante do êxito ou do fracasso, ele pode durante um jogo não se fixar em nenhum conceito, o que denotaria uma fluidez do pensamento, ou pode reter os conceitos formados, sem se apegar a eles nas sucessivas tentativas o que denotaria flexibilidade e persistência do pensamento na busca da solução do problema.

 

            A utilização de atividades lúdicas podem facilitar o processo de aquisição do pensamento conceitual através da associação de diferentes fatores, entre eles a resolução de um problema que exige raciocínio lógico, o processo de classificação num nível mais abstrato (conceito) e a mediação feita por um signo (palavra), possibilitando que o sujeito passe de uma forma de pensamento mais absoluto para uma forma de pensamento mais relativo e complexo.

 

            Os professores de Ciências Naturais de Novo Hamburgo manifestaram que, o lúdico na escola é importante, no que tange ao desenvolvimento cognitivo.

 

            Efetivamente, o desenvolvimento intelectual do aluno tem estreita relação com o processo de socialização do qual falarei mais adiante, na medida em que é através da relação e interação com os mais velhos que a criança aprende os valores sociais.

 

            Paralelamente à interpretação dos questionários, efetuei observações nas aulas dos professores. Observei que, quando encaminhava a questão do lúdico na escola, normalmente o professor tinha a convicção de que o lúdico na escola favorecia, estimulava e proporcionava o desenvolvimento cognitivo do aluno. Porém, quando perguntava: “Como?”, as resposta eram pouco elucidativas e pouco precisas, a exemplo das que seguem:

 

            “O lúdico nas aulas de ciências naturais faz com que os alunos entendam melhor os conteúdos.” (Professora, 29 anos, 4 anos de experiência)

 

            “Através das atividades lúdicas o aluno aprende mais.” (Professora, 33 anos, 7 anos de experiência)

            “Os jogos influenciam no processo ensino-aprendizagem positivamente, facilitando a aquisição dos assuntos trabalhados em sala de aula.” (Professor, 31 anos, 9 anos de experiência)

 

            “Através das brincadeiras os alunos prestam mais atenção e entendem melhor as matérias desenvolvidas com eles.” (Professora, 45 anos, 15 anos de experiência)

 

            “O lúdico possibilita com que os alunos interajam mais com a disciplina, facilitando o processo de ensino.” (Professora, 42 anos, 9 anos de experiência)

 

            “Brincando as crianças se interessam mais pelo conteúdo e aprendem mais.” (Professor, 27 anos, 4 anos de experiência)

 

            Tal situação deixou-me intrigado e comecei a elaborar suposições sobre o fato, com base nos quadros estatísticos, concluí que:

 

            1º - Efetivamente, a formação de professores de Ciências Biológicas, tanto em nível de formação como de metodologia, não atendeu a esta compreensão sobre ludicidade.

 

            2º - O número expressivo de horas de trabalho inviabiliza ao professor, nos momentos de trabalho, leituras mais aprofundadas.

 

            3º - A grande influencia do contexto escolar sobre o professor é uma estrutura que dá prioridade ao cumprimento dos conteúdos pré-estabelecidos em detrimento da prática de atividades lúdicas contextualizadas com a realidade dos alunos.

 

            Segundo LURIA (1986), o homem vive não só no mundo das impressões imediatas, mas também num mundo de conceitos abstratos, e estas abstrações são os meios pelos quais a consciência humana toma forma.

 

            São pelas abstrações, pelas relações sociais, pela realidade material que se desenvolvem as estruturas do pensamento, bem como a transmissão e transformação da intelectualidade pelos mais jovens a partir dos adultos. “A atividade vital humana caracteriza-se pelo trabalho social e este, mediante a divisão de suas funções, origina novas formas de comportamento, independente de motivos biológicos.” (LURIA, 1986, p.21)

 

            Essas formas de comportamento, a que o autor se refere, em meu ponto de vista, são determinadas por valores de natureza intelectual, conseqüências que são dos valores da sociedade, e o estudioso mais adiante é categórico:

 

“O trabalho social e a divisão do trabalho provocam a aparição dos motivos sociais de comportamento. É precisamente em relação com todos estes fatores que no homem criam-se novos motivos complexos para a ação e se constituem de atividades psíquicas específicas do homem.” (p. 22)

 

            No meu entender, os motivos complexos compreendem a intelectualidade. Para esse estudioso, a vida social, o aparecimento da linguagem e a existência histórica do homem são as raízes de todo o seu pensamento abstrato e suas formas de comportamento consciente.

 

            Ora, levando tal assertiva para o nosso pequeno estudo, é de supor que, ao longo da história, as práticas lúdicas tiveram íntimas influencia nas formas de pensamento e nos valores intelectuais vigentes, em determinados momentos históricos.             

 

Tabela 1: Categoria Domínio Cognitivo

- Desenvolvimento mental e intelectual;

- Atenção;

- Aquisição de conhecimentos;

- Desenvolvimento do raciocínio;

- Desenvolvimento da criatividade;

- Memorização dos temas abordados.

- Melhor entendimento dos conteúdos;

- Abstração dos conceitos estudados;

- Compreensão dos assuntos vistos;

- Aquisição de conhecimentos;

 

 

3.5.2 Domínio Afetivo

 

            Além das demais categorias apontadas e interpretadas anteriormente como Cognitivo, Social e Motor os professores apontaram uma outra espécie de resposta. Assim, ao nosso ver, de cunho eminentemente afetivo, os professores prestaram os seguintes depoimentos:

 

            “O lúdico nas aulas é um motivador a mais para as aulas serem mais atrativas.” (Professor, 38 anos, 8 anos de experiência)

 

            “Os alunos apresentam mais disposição para estudar nas aulas de ciências.” (Professora, 42 anos, 9 anos de experiência)

 

            “As aulas são mais alegres e divertidas, fazendo com que os alunos adquiram conhecimentos naturalmente.” (Professora, 26 anos, 2 anos de experiência)

 

            “Há uma valorização maior por parte dos alunos com a matéria da disciplina.” (Professora, 27 anos, 4 anos de experiência)

 

            Nesse sentido, LAPIERRE E AUCONTURIER (1998), ao analisarem a simbologia e a pulsão pelo movimento, relacionam o psíquico (abstrato) ao biológico (concreto), dizendo que a pulsão pelo movimento é a pulsão pela vida, ou seja, movimento e vida como algo interpretado e, ao nosso ver, este desejo, esta necessidade, este arremetimento ao movimento é o início das nossa motivações, desejos e sentimentos psíquicos.

 

            Quando encontramos em um de nossos questionários descrito:

 

            “Nas aulas em que desenvolvo atividades lúdicas no pátio, os alunos voltam para sala mais calmos, serenos e conversam com mais tranqüilidade com os colegas.” (Professora, 29 anos, sexo feminino, 5 anos de experiência).

 

            Assim, LAPIERRE E AUCOUTURIER (1988) sentenciam como base na teoria freudiana:

 

“Se aplicarmos esse princípio à necessidade biológica de movimento, podemos concluir que se cria também a partir daí, toda uma organização psíquica feita de desejos, de satisfações e de prazeres, de frustrações e proibições, e geradoras de fantasmas e conflitos inconscientes. É a trama e a articulação desses fantasmas que encontramos através da nossa experiência pedagógica do movimento vivido tanto no adulto como na criança.” (p.31)

 

            Se aceitarmos como verdadeiro que há prazer no movimento, supõe-se que outros sentimentos como ódio, dor, ansiedade, angústia, tranqüilidade e etc., estão presentes na ação motora. Supõe-se, portanto, que o lúdico na escola, pleno de movimento que é, pleno de sentimentos será e, portanto, na aprendizagem, a metodologia deverá levar em conta tal significado e tentar compreender os signos presentes em determinado ato motor.

 

            GAGNÉ (1980), ao estabelecer as capacidades humanas como resultado da aprendizagem, determinou as seguintes categorias: informações verbais, habilidades intelectuais, estratégias cognitivas, habilidades motoras e atitudes – e consideram, ao nível de aprendizagem, as atitudes como domínio afetivo que enfatiza o comportamento emocional.

 

            Ora, esse comportamento emocional, ou essa atitude, são os componentes da afetividade presentes no movimento humano que devem ser trabalhados, a partir das atividades lúdicas na escola.

 

            FREIRE (1989) explica por que há certa dificuldade dos professores em trabalhar a afetividade nas atividades lúdicas. Diz o estudioso que na verdade pouco se trabalha com o componente afetivo na escola e, por conseguinte, o lúdico nas aulas porque, via de regra, os professores “não possuem estrutura afetiva para suportar a relação com corpos livres em movimento...” (p.170)

 

            Essa expressão “corpos livres” sucumbe nos movimentos estereotipados e regulados, disciplinarmente, pelas modas culturais atuais, resultantes da reprodução de um modelo instituído na escola, conseqüência que é da sociedade na qual se insere os alunos. O professor, portanto, torna-se o agente desta reprodução pela dificuldade em trabalhar este componente afetivo, é mais fácil copiar os modelos impostos pela sociedade, disciplinando a criatividade – conseqüência natural, na nossa minha opinião, da afetividade, pois só criamos em cima do que gostamos e, quando temos liberdade para tal.

 

            O lúdico na escola, portanto, é pleno de sentimento, pleno de afetividade, pleno de desejo. A cada gesto expressamos sentimentos de múltiplas interpretações, psicológicas, sociológicas, culturais, ideológicas, biológicas, etc. por isso, concordamos com FREIRE (1989) quando afirma:

 

“Qual o valor, para a cultura e a felicidade de uma criança, de um giro de corpo melhor realizado? Não sei, talvez nenhum, se não for acompanhado de significado. Um giro realizado no interior de um jogo de futebol quando o que está em jogo, mais que uma bola ou a vitória, é a agressividade, a amizade, a inveja ou a humilhação, por exemplo, além do alinhamento da alma coletiva de um povo, isso sim pode fazer sentido porque estará ligado à vida concreta, real, repleta de significados.” (p.179)

 

Tabela 2: Categoria Domínio Afetivo

- Motivação para aprender os conteúdos;

- Aquisição de conhecimentos com prazer;

- Aprendizado com alegria;

- Mais disposição para estudar;

- Desenvolvimento de valores;

- Valorização dos assuntos abordados;

- Desenvolvimento da satisfação pessoal;

- Desenvolve o gosto pelo estudo.

 

3.5.3 Domínio Social

 

Segundo os professores de Ciências Naturais das escolas de Novo Hamburgo, a importância das atividades lúdicas, para o aluno, para a escola, e para a sociedade, está na socialização.

 

            A socialização do aluno, através do lúdico, foi ressaltada nas respostas, que foram formalizadas diferentemente, porém com conteúdo e essência comuns a todos.

            Observem-se as seguintes declarações:

 

“Trabalhar o lúdico nas aulas é importante porque integra melhor os alunos.” (Professor, 38 anos, 8 anos de experiência)

 

“Desenvolver atividades lúdicas nas aulas socializa os alunos.” (Professora, 45 anos, 15 anos de experiência)

 

“Através das brincadeiras os alunos relacionam-se melhor uns com os outros.” (Professor, 35 anos, 10 anos de experiência)

 

“Com o lúdico a convivência e a participação dos alunos são extremamente positivas.” (Professora, 23 anos, 1 ano de experiência)

 

            Instigados pela situação apresentada, pensei sobre a multiplicidade dos agentes de socialização do aluno: o meio em que a criança vive, a família e os grupos de convivência da comunidade, a escola, que é, sem sombra de dúvida, o maior agente de socialização da criança, como transmissora de valores socialmente aceitos e, por fim, os próprios alunos, reprodutores de valores sociais já internalizados no seu processo de “amadurecimento”. É nas relações com os demais e na convivência que acontece a descoberta de identidade por parte do aluno.

 

            As observações feitas, bem como os questionários, demonstram, reforçando as respostas dos questionários, que “socialização”, para a maioria dos professores que participaram desse estudo, está associada à idéia de sociabilidade, isto é, tornar indivíduo sociável, capaz de conviver com os demais sob a ótica da aprendizagem das regras já estabelecidas do convívio social.

 

            Percebe-se como impressão também que muitas vezes, os professores encaram a socialização do aluno como algo desconectado, natural, neutro, ingênuo, desprovido de uma reflexão mais profunda e que deve acontecer sem qualquer questionamento.

 

            Nas palavras de FREIRE (1989):

 

“O homem é um ser social. Para se chegar a isto, no entanto, deve-se levar em conta o tempo de maturação biológica, as coordenações espaço-temporais, a formação da imagem corporal, o desenvolvimento do pensamento, dos sentimentos e muitas outras atividades que não podemos esperar de crianças pequenas.” (p.160)

 

            FREIRE (1989), embora reconheça a importância da escola na socialização da criança, tece crítica ácida à metodologia empregada para o alcance de tal fim e reforça a importância das atividades lúdicas construídas pelos alunos como forma de socialização. Diz o autor:

 

“A escola, de sua parte, não colabora muito com a socialização de seus alunos. Mantê-los imobilizados em carteiras, submetendo-os a um conjunto complexo, para as crianças, incompreensível, de regras, além de impor tarefas de realização individual, não são os ingredientes mais adequados para uma socialização eficiente.” (p.162)

 

            Com menor freqüência, houve respostas que denotaram posições mais críticas e que revelaram, por parte de pequeno número de professores, consciência de um contexto mais amplo, cuja socialização do aluno é conseqüência, de indicadores históricos, econômicos, sociais, políticos, culturais e educacionais. Essas posições, podem ser observadas nas seguintes declarações:

 

            “O lúdico na escola e nas aulas auxilia integrar-se de maneira criadora e ativa no mundo em que se vive.” (Professora, 35 anos, 11 anos de experiência)

 

            “Lúdico nas aulas é importante porque gera um elemento participativo, crítico, autocrítico, capaz de manter uma relação consigo e com os demais.”  (Professora, 33 anos, 7 anos de experiência)

 

            FREITAG (1980) demonstra-nos as raízes de tais concepções, à luz da filosofia e da sociologia. Analisa as idéias de Durkheim e Parson, que, em bases positivistas, demonstram ser a educação, consequentemente a escola, instrumento de internalização e reprodução de valores e normas da sociedade.

 

“É no processo educacional que essas coisas, ao mesmo tempo em que são impostas de fora do indivíduo, são por ele internalizadas e com isto reproduzida e perpetuada na sociedade. O indivíduo que originalmente apresenta-se egoísta, depois de educado, adquire uma segunda natureza, que o habilita a viver em sociedade, dando prioridade às necessidades do todo, antes das necessidades pessoais A educação é, para Durkheim, o processo através do qual o egoísmo pessoal é superado e transformado em altruísmo que beneficia a sociedade.” (p.16.)

 

            Nota-se a presença das posições de aprendizagem social e manutenção dos valores sociais dominantes que ressaltamos nas declarações dos professores. Pode-se observar a visão funcionalista e conservadora em comparação com as declarações citadas acima. Tais idéias ainda estão presentes, com muita ênfase, na nossa escola, sendo as atividades lúdicas um de seus principais artífices.

 

            Se a socialização, através do lúdico na escola, é uma prática conservadora, conforme foi demonstrado, é de perguntar-se, então, como utilizar esse instrumento para avançar no caminho de uma escola e sociedade igualitárias e mais justas? E sendo a escola um “Aparelho Ideológico do Estado”, é de supor-se que as mudanças e melhorias nos procedimentos pedagógicos na escola só acontecerão quando este for construído sobre novos paradigmas, principalmente social.

 

Tabela 3: Categoria Domínio Social

- Maior socialização entre os alunos;

- Melhor integração entre os alunos;

- Melhora a convivência entre os alunos;

- Relações inter-pessoais saudáveis;

- Desenvolvimento de atitudes positivas;

- Melhora o comportamento dos alunos;

- Relações mais humanizadas.

 

3.5.4 Domínio Motor

 

            É no movimento, na alegria, na motivação, no interesse e no prazer, por assim dizer, em face das observações, que predomina a argumentação sobre a importância do lúdico na escola para os professores de Ciências Naturais de Novo Hamburgo. Essa importância, de acordo com a minha interpretação, parte de duas bases diferenciadas e opostas.

 

            Uma tem origem na perspectiva histórica do desenvolvimento da escola no Brasil desde sua institucionalização até nossos dias. A outra, origina-se de um conceito tradicional, pragmático utilitário e funcionalista do lúdico, cujo paradigma de movimento pelo movimento corporal humano de forma asséptica, descontextualizando-o do seu meio ambiente e do sujeito. Percebe-se uma ênfase biológica de caráter alienador e domesticador das atividades lúdicas na escola, através de uma ação desprovida de uma reflexão mais conseqüente, manifestando-se, assim, uma visão muitas vezes ingênua.

 

            “Com as atividades lúdicas os alunos desenvolvem melhor as habilidades manuais e motoras.” (Professora, 45 anos, 15 anos de experiência)

 

            “Com os jogos nas aulas os alunos melhoram a sua organização, tendo uma melhor adaptação para as rotinas do dia a dia.” (Professor, 35 anos, 8 anos de experiência)

                         

            A outra base de respostas, quanto à importância do lúdico na escola, na categoria motora, é resultado da postura segundo a qual a plenitude do aluno é o objetivo da atividade. Nessa base, estimula-se a criatividade, o gosto e o prazer do movimento e apresentada uma perspectiva educacional, onde o estudo do homem pressupõe levar em consideração o meio ambiente.

 

            Nas observações, as aulas onde o lúdico predominou – que revelam essas alternativas, isto é, uma metodologia diferenciada e que de prioridade a essa concepção mais crítica onde o aluno é o sujeito das atividades – foram as aulas onde o professor manifestou no início da aula o que iria fazer, foi sensível à sugestões dos alunos para este ou aquela atividade, dialogou, auxiliou os alunos e permitiu que eles executassem outros movimentos diferentes daqueles determinados pelas aulas tradicionais.

 

            Observei que nesse tipo de aula, por um lado, houve uma menor preocupação com o conteúdo, por outro, o contato entre os alunos aconteceu com maior freqüência. Os alunos conversaram mais e foi maior o nível de ruído durante toda a atividade. A participação dos alunos foi mais efetiva e emocional.

            Esse tipo de postura nos permite também observar que, além dos valores intrínsecos dos jogos lúdicos e assuntos vistos, é possível, através dele, atingir uma visão total de homem (sentimento e movimento como algo único).

 

            Respostas como: “A importância do lúdico nas aulas para o aluno está no desenvolvimento da expressão, consciência e domínio corporal, resgatando a corporeidade...” (Professora, 34 anos, 12 anos de experiência) revelam uma profunda preocupação com a criticidade, ou seja, uma reflexão do que se faz e porque se faz determinada atividade lúdica, questiona ainda o valor dessa prática.

 

            Há ainda o alerta de respostas que expressam a inconveniência da manutenção do atual comportamento em grande número de professores. “As atividades lúdicas não devem ter como objetivo tão somente disciplinar e regrar os alunos, pois é um desestímulo ao prazer de brincar.” (Professora, 33 anos, 7 anos de experiência)

 

            Observo, nas entrelinhas dessa afirmativa, uma visão crítica dos objetivos dos jogos nas aulas até então: reprodução da individualidade e competitividade. Essa observação crítica pode-se constituir em base para construção de uma outra visa de ludicidade na escola.

 

            Reforçando a idéia de que o movimento não é apenas uma prática mecânica, biológica, cega, mas sim algo pleno de significado, pertinente ao homem que transcende, SANTIN (1987, p.79) diz: “Todo movimento, quando nascido do dinamismo expressivo do homem, transforma-se em linguagem. Os gestos repetitivos deixariam de ser falantes para tornarem-se atividades maquinais”.

 

Tabela 4 : Categoria Domínio Motor

- Desenvolvimento das condições e capacidades físicas dos alunos;

- Melhora a habilidade psicomotora;

- Auxilia na organização, percepção e adaptação dos alunos;

- Liberação de energia e tensões acumuladas.

- Aquisição da consciência e expressão corporal;

- Desenvolvimento das valências físicas.

3.5.5 Referências para pratica do lúdico nas escolas

 

            Além do objetivo de identificar a significância do lúdico no ensino de ciências naturais, no processo educativo, pensamos também em observar até que ponto os meios, isto é, os recursos humanos, físicos e materiais exercem influência no fim maior, o lúdico nas aulas de ciências naturais. E, como este, é condicionado por essas variáveis intervenientes, que condicionadas pelo contexto social envolvem não só o lúdico nas aulas, como a própria instituição escolar e todos os sistemas de ensino, micro, meso e macro. Interessaram-nos saber, também como estes meios pressionam a relação professor-aluno durante as aulas na escola.

 

            Solicitamos, também aos professores que descrevessem os critérios, segundo os quais eles administravam as atividades lúdicas nas escolas públicas e particulares.

 

            Das posições manifestadas no questionário, identificamos quatro referências norteadoras para a prática do lúdico nas aulas de ciências naturais nas escolas públicas e particulares. Referenciais estes que nos permitem rastrear diferenças entre escola pública e escola particular, não só com relação às atividades lúdicas, mas também às diferenças estruturais e conceituais.

 

            Os referenciais norteadores da ação do professor ao administrar o lúdico no ensino de ciências na escola são: aluno, recursos físicos e materiais, instituição e professor (tabela 5 e 6).

 

Tanto na escola pública, como na escola particular, o conteúdo das respostas foi basicamente o mesmo. Assim, tivemos, por exemplo, como referência ao critério aluno, as seguintes respostas:

 

“Defino as atividades lúdicas a serem desenvolvidas na escola, segundo o interesse dos alunos.” (Professor, 30 anos, sexo feminino, 5 anos de experiência)

“Discuto as possibilidades com os alunos.” (Professor, 35 anos, sexo feminino)

 

Os recursos físicos e materiais ocupam grande parte das posições emitidas pelos professores, principalmente aqueles que assinalavam seu local de trabalho nas escolas públicas. Vejamos as seguintes respostas:

 

“Disponibilidade do espaço físico.” (Professor, 32 anos, sexo feminin.)

 

“Disponibilidade de material e espaço físico.” (Professor, 54 anos, sexo feminino)

 

A influência significativa das concepções e valores do professor materializam-se nas seguintes respostas:

 

“De acordo com o professor.” (Professor, 36 anos, sexo masculino)

 

“As atividades que eu mais domino.” (Professor, 36 anos, sexo feminino)

 

É possível perceber que essas posições refletem a influência que o meio externo exerce, primeiramente no professor e por conseqüência na escolha da atividade lúdica a ser desenvolvida na aula, bem como revelam a pretensão de um número significativo de professores de serem os julgadores absolutos do que é melhor para os seus alunos. Essas tendências, quando exacerbadas, desembocam no autoritarismo das aulas tradicionais.

 

O papel das instituições, como referencial na escolha da atividade lúdica nas aulas, manifesta-se, a nosso ver, essencialmente na seguinte resposta:

 

“Planejamento e objetivo da escola.” (Professor, 31 anos, sexo feminino)

 

A essa altura, então, é importante salientar que a questão essencial é a prioridade de referência, isto é, embora o conteúdo das respostas e as posições explicitadas sejam semelhantes, há diferenças significativas na prioridade dos referenciais de que estamos tratando.

 

Nas escolas públicas, os referenciais que sistematizamos para a escolha da atividade lúdica a ser desenvolvida nas aulas de ciências naturais obedecem à  seguinte ordem de prioridade: aluno, recursos físicos e materiais, instituição e professor, ou seja, primeiro são observados os interesses, as necessidades e os desejos dos alunos, depois os recursos materiais disponíveis na escola, depois as orientações filosóficas e pedagógicas dos sistemas de ensino, no caso em tela, as Secretarias Estadual e Municipal de Educação e, finalmente, as preferências e interesses dos professores.

 

Tabela 5 : Critérios de escolha do esporte na escola pública

Categoria – Aluno

-          Necessidades e preferencias dos alunos.

-          Interesse do grupo.

-          Carência do aluno (higiene e nutrição).

-          Clientela a ser atendida

Categoria – Recursos físicos e materiais

-          Disponibilidade do espaço físico.

-          Meio comunitário

-          Realidade escolar.

Categoria – Instituição

-          Objetivos da escola.

-          Depende da série.

-          Currículo escolar.

Categoria – Professor

-          De acordo com o pensamento do professor.

-          Preferências do professor.

-          Planejamento dos professores.

 

Nas escolas particulares, as prioridades dos referenciais se modificam, ordenando-se da seguinte forma: instituição, aluno, professor e recursos físicos e materiais.

 

Assim, as atividades lúdicas administrada nas escolas particulares obedecem, primeiramente, à linha filosófica pedagógica e institucional da escola, depois aos interesses dos alunos, o professor e, por fim, aos recursos físicos e materiais.

 

Analisando esses referenciais norteadores, é possível afirmar que na escola pública, tendo em vista a importância que assumem os interesses e as necessidades dos alunos, há espaço e um terreno fértil, por um lado, para a construção e execução de um trabalho diferenciado, democrático e alternativo no método de ensino, na prática e até no desenvolvimento de aulas de caráter lúdico na escola e, por outro, para uma conjuntura propícia ao nada fazer.

 

Isso nos leva a pensar que o fato de a ação da orientação filosófica e pedagógica das instituições estadual e municipal não ser diretiva, nem contundente, intervém positivamente para a construção de uma proposta teórico-prática mais adequado à realidade da escola e aos interesses da comunidade escolar. Não somos ingênuos em pensar que esses interesses e necessidades manifestadas pelos alunos são isentos de outras influências, pelo contrário, somos conscientes do condicionamento exercido pela sociedade do rendimento. Há, porém, condições propícias e favoráveis à discussão e ao questionamento da situação atual do lúdico na escola.

 

Já nas escolas particulares, observa-se que a influência das concepções filosóficas, confessionais e pedagógicas são  agentes causais da concepção e prática das metodologias didáticas na escola. Há escolas, por exemplo, onde a direção determina os procedimentos a serem utilizados nas aulas.

 

Tabela 6 : Critérios para escolha do esporte na escola particular

Categoria – Instituição

-          Conforme o planejamento geral da coordenação.

-          Objetivos da escola.

-          Programa da escola.

-          Visão pedagógica da escola.

-          Currículo escolar.

Categoria – Aluno

-          Preferência dos alunos.

-          Nível cultural do grupo.

-          Observando o interesse do grupo.

Categoria – Professor

-          Proporcionar vivências aos alunos.

Categoria – Recursos Físicos e Materiais

-          Disponibilidade de local.

 

Os recursos físicos e materiais refletem a diferença existente entre as escolas públicas e particulares. Na escola pública é fundamental a definição das atividades lúdicas a serem desenvolvidas, pois, dada a carência das mesmas, muitas vezes o professor faz o que pode ser feito e não o que deveria ser feito. Normalmente, a escola pública não tem espaço adequado às aulas ao ar livre, nem material didático disponível para o ensino e desenvolvimento de jogos.

 

3.5.6 Conclusões e Sugestões

 

Observou-se nesse estudo que um grande número significativo de professores de Ciências Naturais de Novo Hamburgo tem grandes dificuldades em desenvolver atividades lúdicas em suas aulas, apesar de considerarem essencial aplicar jogos nas aulas.

 

Os professores também não conseguem relacionar o lúdico na escola com o contexto social que o envolve. É urgente que se estude o lúdico como metodologia de ensino nas aulas de ciências naturais no ensino fundamental.

 

A maioria dos professores do ensino fundamental das escolas públicas e particulares de Novo Hamburgo trabalham suas aulas dentro de salas de aula, a metodologia é diretiva, disciplinadora e modelada em conteúdos de livros didáticos, cuja conseqüência final é a redução do espaço reservado à espontaneidade, à afetividade, e à criatividade.

 

Os professores entendem que a importância do lúdico nas aulas está na socialização do aluno, na participação, no interesse, na motivação, na alegria, entretanto, constata-se que não há certeza suficiente no que seja estes itens, na maioria das vezes, é funcionalista e apenas repassa os valores sociais vigentes e a ideologia dominante. As aulas, portanto, de uma maneira geral, nas escolas de Novo Hamburgo, tem uma prática conservadora, havendo iniciativas em contrário. Por isso, somos levados a crer que, como está estruturado, o lúdico na escola pode contribuir muito pouco para a aquisição de conhecimentos no ensino. Urge a necessidade de uma nova prática do ensino na escola.

 

            O brincar e jogar pode contribuir mais para que os alunos participem com mais interesse e motivação. Essas são as noções que os professores têm maior clareza quanto à importância do lúdico na escola para o aluno. A partir do estudo na categoria do domínio afetivo, constatam-se duas grandes reduções: a redução do prazer, que enfatiza o valor do lúdico nas aulas para a descontração e a redução da motivação. Muitos professores apontam o brincar pelo simples fato de brincar.  

 

            Neste campo, estão as maiores dificuldades de compreensão do lúdico na escola. Observa-se que o entendimento dos significados afetivos do jogo é pouco nítido. O professor tem dificuldade de interpretação, além do mais, faltam elementos e estrutura afetiva ao professor para trabalhar com a liberdade de movimento. Por isso somos evado a crer que nesse ponto assenta-se o caráter disciplinador das aulas tradicionais em salas de aula.

 

            O lúdico na escola, com várias exceções, não tem sido tratado com a profundidade  que merece. Há um esforço e tentativas de muitos professores em estimular a discussão desse assunto. Organismos e instituições têm reservado espaços cada vez maiores para este tema: o lúdico na escola. Porém, para que este processo seja eficaz, é necessário que a discussão do assunto entre na escola, assuma o caráter de transdisciplinaridade e chegue ao professor tão ocupado em sua prática. Consubstanciar, refletir, discutir e investigar teoria e prática, a partir de sua aula, parece-nos o caminho mais adequado. Construir e produzir conhecimentos baseados na prática daqueles que estão no mercado de trabalho em serviço é uma boa alternativa.

 

            Os cursos de graduação de professores deverão reservar em seus currículos, nas disciplinas vinculadas à Licenciatura, espaço para a discussão deste tema, o lúdico na escola.

 

            Que  sejam estimulados, pelos professores em seus alunos o prazer em descobrir a ciências. Que o caráter lúdico seja buscado sempre, antes das aulas monótonas e tão somente expositivas, informativas e passivas verbais ou escritas. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4 PROJETO ECORECREAÇÃO COMO UMA POSSIBILIDADE

 

 

4.1 PLANEJAMENTO GERAL DO PROJETO

4.1.1 Título

 

            ECORECREAÇÃO: com a natureza se aprende brincando

 

4.1.2 Dados de Identificação

 

Área de conhecimento: Ciências Biológicas

Monitor do Projeto: Marlon Luis Lucchini

Professor Orientator: Jackson Müller

            Local das Atividades: EMEF Presidente Tancredo Neves

            Participantes: 20 crianças, entre as idades de 7 a 10 anos (Figura 1)

            Data: início 14 de agosto / término 20 de setembro de 2007

            Turno: manhã

            Total de encontros: 10 encontros

 

Figura 1: Alunos Participantes do Projeto.         

4.1.3 Objetivos

 

            Para o desenvolvimento deste projeto, foram definidos os seguintes objetivos:

 

Geral

            Estimular o interesse e a motivação dos alunos pelos assuntos e temas desenvolvidos nas aulas de ciências, através do prazer e da alegria proporcionado pelos jogos e atividades lúdicas, numa análise crítica da sua realidade no contexto sócio-ambiental local.

 

Específico Cognitivo: Adquirir conhecimentos específicos para uma melhor análise e compreensão da natureza, refletindo criticamente situações e posicionamentos, a fim de garantir um meio ambiente saudável.

                       

            Específico Afetivo: Reconhecer a importância dos assuntos desenvolvidos nas aulas de ciências, valorizando o conhecimento adquirido para a preservação e proteção do meio ambiente, como também, participar ativamente  de movimentos em prol da causa ambiental.

 

            Específico Psicomotor: Explorar o corpo e os espaços interagindo no seu meio, desenvolvendo habilidades e coordenações motoras, como também, a manipulação de objetos, incorporando atitudes e hábitos ecologicamente corretos e saudáveis.

 

4.1.4 Procedimentos

                                   

            Recorrendo a minha própria experiência e a depoimentos de professores, constato que, de maneira unânime, considera-se o jogo e as atividades lúdicas uma estratégia pedagógica importante e indispensável. No entanto, quando procuram justificar seus benefícios, não apresentam argumentos cientificamente consistentes e coerentes.

                                   

            Cabe ressaltar também, que neste projeto foram trabalhadas as áreas de conhecimento das ciências naturais e educação física, no planejamento do projeto, nos temas e assuntos escolhidos para desenvolver as atividades, na aplicação, condução e avaliação.

 

Outro aspecto importante deste projeto é a sintonia com o Projeto Político Pedagógico da escola. Desde o início, preocupamo-nos com o compromisso social, definindo ações educativas para com a formação do aluno cidadão, respeitando a filosofia da escola, seus objetivos, fundamentos e propostas de ensino-aprendizagem.

 

Vivenciando e refletindo essa experiência, entendo que esse estudo só teria sentido se pudesse contribuir para qualificar nossa prática pedagógica e promover possíveis mudanças superadoras e qualitativas no ensino das ciências naturais e da educação física no ensino fundamental.

 

As atividades e jogos, para serem úteis como recurso para o ensinar e o aprender devem ser desafiadoras e interessantes. Devem também permitir a participação e autonomia de todos, estabelecerem relações com o conteúdo, permitir a auto-avaliação, considerar todo o contexto escolar e, principalmente, apresentar um caráter lúdico.

 

É fundamental estabelecer nas atividades um clima social de referência positiva, incentivado por critérios facilitadores da aprendizagem, a saber: uma atmosfera de espontaneidade, de liberdade, de aceitação e de aconchego, respeito aos pontos de vista individuais, métodos de trabalho flexíveis, trabalhos com objetividade e comunicação facilitada entre os participantes.

 

O papel do professor será definir, de forma clara, os objetivos a serem atingidos. Deverá também determinar os conteúdos e assuntos que serão abordados, escolher o jogo mais adequado, formular e explicar as regras de forma clara e precisa, especificar os recursos e/ou materiais que serão usados, permitir que os alunos relatem suas descobertas, desenvolver jogos de acordo com a faixa etária dos alunos, e, por fim, determinar o tempo e espaço das atividades.

 

            O aluno deve reconhecer que os jogos e atividades servem para potencializar seu aprendizado, deve explorar, questionar e descobrir através de sua própria capacidade, construindo seu saber com alegria , prazer e, acima de tudo, ter em mente o pensamento crítico a respeito daquilo que faz.

 

            Através destas reflexões,  desenvolvi um ritual de ensino e aprendizagem de jogos e atividades lúdicas que seguem três etapas: em um primeiro momento,  reúno os alunos em uma roda, para conversar  sobre o tema, verificar os seus conhecimentos e experiências, comentar sobre os assuntos que serão abordados e  explicar, teoricamente, como serão desenvolvidas as atividades ecorecreativas.

 

Em um segundo momento, aplico as atividades ecorecreativas,  no pátio da escola, em uma área livre ou em uma quadra desportiva, organiza-se os alunos, explicando a atividade. Enquanto ocorrem as atividades, o professor observa e incentiva a participação de todos, interferindo, quando surgir um conflito ou para orientar o bom desenvolvimento da mesma.

 

            Por fim, o grupo deve novamente se reunir em uma roda, para verbalizar o que fizeram durante as atividades ecorecreativas, ou seja, fazer um resumo oral, comparando a prática lúdica à teoria existente referentes aos temas e assuntos trabalhados, como também,  aplicação dos instrumentos avaliativos. (Figura 2)

                       

Figura 2: Finalização do encontro.

 

 

4.1.5 Cronograma

 

Data

Atividade

Local

02/ago

Apresentar o projeto à equipe diretiva da EMEF Presidente Tancredo Neves

Direção da Escola

14/ago

Encontro 1

Tema 1: Arroio Pampa

Atividade: TROQUEM DE LUGAR AQUELES QUE...

ARROIO COLORIDO

Arroio Pampa 

Pátio da Escola

Quadra Desportiva

21/ago

Encontro 2

Tema 1: Arroio Pampa

Atividades: PIQUE DOS PEIXES DOS SINOS

LUGAR DE LIXO NÃO É NO ARROIO

Quadra Desportiva

28/ago

Encontro 3

Tema 1: Arroio Pampa

Atividades: CAÇA ECOLÓGICA

MENSAGEM ECOLÓGICA SECRETA

Quadra Desportiva

04/set

Encontro 4

Tema 2: Fauna

Atividade: APRESENTANDO OS BICHINHOS

ACHE SEU PARCEIRO

Quadra Desportiva

11/set

Encontro 5

Tema 2: Fauna

Atividade: RETRATO FALADO

JOGO DOS ANIMAIS TERRITORIAIS

Quadra Desportiva

20/set

Encontro 6

Tema 2: Fauna

Atividade: JOGO DO PREDADOR

JOGO DA SIMBIOSE

Quadra Desportiva

25/set

Encontro 7

Tema 2: Fauna

Atividade: PIQUE INQUILINISMO

PIQUE COMENSALISMO

Quadra Desportiva

27/set

Encontro 8

Tema 2: Fauna

Atividade: MAMÃE GALINHA E  A RAPOSA

PIQUE CADEIA ALIMENTAR

Quadra Desportiva

2/out

Encontro 9

Tema 3: Flora

Atividade: JOGO DA POLINIZAÇÃO

PIQUE ÁRVORES

Quadra Desportiva

4/out

Encontro 10

Tema 4: Higiene

Atividade: JOGO DA HIGIENE

Quadra Desportiva

4.1.6 Avaliação

 

O processo de avaliação deste projeto assumiu um caráter menos formal do que normalmente se encontra nos níveis escolares. Incluíram-se procedimentos que visem o acompanhamento dos alunos nas várias situações diárias, como a auto-avaliação e o parecer descritivo. Os processos auto-avaliativos assumem uma forma diferenciada de avaliar cada aluno, levando em conta suas diferenças pessoais e seu ritmo próprio. Ao mesmo tempo, promove uma atitude mais responsável do participante em relação à atividade. A auto-avaliação e os pareceres descritivos nas atividades ecorecreativas são  formas de  verificar a participação e o desempenho do educando.

 

            Através da observação são introduzidos os conceitos do parecer descritivo no processo avaliativo. Também introduzi as fichas auto-avaliativas e, através destas, que são rápidas e curtas, com muita atenção, coloquei perguntas questionando sobre o que eles acham dos estímulos utilizados pelo professor e do conteúdo que está sendo desenvolvido.

 

            Avalia-se não apenas o meio, mas também a relação interpessoal de cada membro do grupo  com os assuntos desenvolvidos. Cada um comentará sua participação nas atividades e como se integrou ao grupo e assimilou os assuntos.

 

            Os alunos também avaliarão a sua participação e a dos seus colegas na atividade, principalmente como  reagiu aos diversos estímulos propostos. Assim estaremos avaliando com muito mais nitidez e eles sentir-se-ão mais valorizados no processo de ensino aprendizagem, pois suas opiniões estarão sendo levadas em conta.

 

As fichas auto-avaliativas têm como objetivo analisar a visão dos alunos sobre as atividades, as suas impressões, a sua participação e interação no grupo. Também é avaliado dessa forma, o conhecimento e o grau de conscientização adquirido pelos alunos sobre os temas abordados. Através dos desenhos, analiso o grau de abstração dos alunos.

 

Exemplos de questões avaliativas propostas:

 

Quais assuntos foram trabalhados na aula?

 

O que você aprendeu de mais importante hoje?

 

Como participei das atividades hoje?

 

Exemplos de desenhos avaliativos propostos:

 

Desenhe uma televisão e coloque na tela o que você aprendeu hoje.

 

Desenhe uma mão e coloque em cada dedo o que você aprendeu na aula.

 

Desenhe no verso da folha algo que resuma a sua participação nas atividades.

 

4.1.7 Atividades Desenvolvidas

 

A seguir, descreverei as atividades desenvolvidas nos encontros do projeto, organizadas em temas contextualizados com a realidade dos alunos, sendo elas: O Arroio Pampa, a Fauna, a Flora e a Higiene.

 

Tema 1: O Arroio Pampa

 

            Objetivo Geral: Aplicar jogos ecorecreativos relacionados à poluição do Arroio Pampa, levando os alunos a identificar os problemas ecológicos e ambientais, como também, conscientizá-los sobre a importância da preservação e proteção do mesmo, sendo que este é tão importante para a comunidade.

 

Encontro 1

 

TROQUEM DE LUGAR AQUELES QUE...

 

Objetivo: Proporcionar o conhecimento de hábitos e atitudes do dia-a-dia que possam influenciar positiva ou negativamente na vida do Arroio Pampa.

 

Formação: Essa atividade pode ocorrer com bambolês ou com círculos desenhados no chão, sendo que os alunos deverão estar dispostos em uma roda.

 

Desenvolvimento: cada aluno deverá estar dentro de um bambolê ou círculo desenhado; alguns alunos poderão ficar no centro da roda sem bambolê ou círculo; cada vez que o professor falar uma atitude, em relação ao arroio, já efetuada pelo aluno, estes deverão trocar de lugar o quanto antes; quem ficar sem um bambolê ou círculo aguarda a próxima vez para entrar em um destes; só poderá ficar um aluno dentro de cada bambolê ou círculo. (Figura 3)

 

Figura 3: Troquem de lugar aqueles que...

 

Exemplo:

Troquem de lugar todos aqueles que já jogaram lixo no Arroio Pampa;

Troquem de lugar todos aqueles que já pescaram no Arroio Pampa;

Troquem de lugar todos aqueles que já viram esgoto sendo lançado na água do Arroio Pampa;

Troquem de lugar todos aqueles que já se banharam nas águas do Arroio Pampa;

Troquem de lugar todos aqueles que já tiraram de dentro do Arroio Pampa algum tipo de lixo;

Troquem de lugar todos aqueles que já beberam água do Arroio Pampa;

Troquem de lugar todos aqueles que já viram peixes dentro do Arroio Pampa;

Troquem de lugar todos aqueles que já viram uma ave se banhar nas águas do Arroio Pampa;

Troquem de lugar todos aqueles que já viram animais bebendo água do Arroio Pampa;

Troquem de lugar todos aqueles que já viram erosão nas margens do Arroio Pampa.

 

ARROIO COLORIDO

 

Objetivo: Reconhecer as características ambientais do ecossistema que envolve o Arroio Pampa.

 

Formação: Livres, distribuídos em uma área pré-determinada.

 

Desenvolvimento: nesta atividade o professor fala para os alunos:  – Arroio  colorido! E, os alunos perguntam: – Que cor? O professor fala alguma coisa feita de matéria, no caso relacionado com o Arroio Pampa; cada vez que o professor falar um item, os alunos deverão descobrir a cor deste e encostar na vestimenta de um colega que esteja vestindo essa cor; se os alunos utilizam uniforme padronizado, pode-se dar fitas com cores diferentes, ou pintar uma parte corporal. (Figura 4)

 

 

Figura 4: Arroio Colorido.

 

 

Exemplo:

Arroio colorido! Que cor? A cor do arroio poluído (Resposta: marrom);

Arroio colorido! Que cor? A cor da mata ciliar (Resposta: verde);

Arroio colorido! Que cor? A cor da espuma no arroio (Resposta: branco);

Arroio colorido! Que cor? A cor do peixe Dourado (Resposta: amarelo);

Arroio colorido! Que cor? A cor da terra argilosa das margens do arroio (Resposta: vermelha);

Arroio colorido! Que cor? A cor do céu em dia de sol refletido no arroio (Resposta: azul);

Arroio colorido! Que cor? A cor do fogo na mata ciliar (Resposta: laranja).

 

Informe do Encontro 1

 

Após o desenvolvimento destes jogos, reuniram-se os alunos para a finalização do encontro, do qual,  se aplicou a ficha auto-avaliativa número 1 (Anexo 8), para verificar o que os alunos aprenderam e como viram essas atividades.

 

No jogo: Troquem de lugar todos aqueles que..., conversamos sobre os comportamentos e atitudes de todos nós em relação ao arroio. Embora muitas soluções sejam buscadas, em várias esferas, todos nós podemos colaborar para que a água doce não falte no futuro. A preservação, economia e o uso racional da água devem estar presentes nas atitudes diárias de cada um. A pessoa consciente deve economizar, pois o desperdício de água doce pode trazer perigosas conseqüências num futuro pouco distante.

 

Quanto ao jogo: Arroio colorido,  conversamos com os alunos sobre a poluição nos arroios e rios, que historicamente começou com a deposição de dejetos humanos e animais ao longo dos mananciais, dos leitos de rios e arroios e por infiltração nos lençóis freáticos. A poluição evoluiu  através dos anos, com o desenvolvimento da indústria como dos: agrotóxicos, polímeros e o crescimento do contingente humano no planeta observa-se uma perda inconsciente do solo, do subsolo, das águas correntes, do ar que respiramos e das chuvas. Fato que está gerando até problemas de saúde pública. É fato constatado que a maior parte das mortes por doenças são devidas a ingestão de água contaminada.

 

A atividade iniciou  e logo observei que a motivação e o interesse dos alunos pelos jogos propostos era muito positivo, estavam todos bem alegres e dispostos para iniciar logo os jogos. Notou-se que à medida que prosseguiam os jogos, mantiveram sua curiosidade e seu entusiasmo em aprender. Destaca-se também, a dificuldade encontrada por parte dos participantes no agir com autonomia. Por isso, fez-se necessária a minha interferência, propondo atitudes facilitadoras da manifestação de suas criatividade, o que favoreceu a autonomia e participação consciente dos participantes no processo decisório da aula.

 

 Encontro 2

 

 PIQUE DOS PEIXES DOS SINOS

 

Objetivo: Conhecer e identificar os diferentes peixes existentes nos rios  e arroios da região.

 

Formação: Alunos em uma roda, no início da atividade. Após início da atividade, distribuir aleatoriamente os alunos em uma área livre pré-determinada para o desenvolvimento do jogo.

 

Desenvolvimento: o professor determinará o nome de um peixe que vive nos rios da região, para cada aluno que está na roda, ressaltando que os colegas do lado direito e do lado esquerdo devem prestar atenção aos peixes que estão sendo denominados para estes;  após determinar os animais para cada aluno, o professor pede para que todos saiam da roda e se distribuam aleatoriamente pela área do jogo, sendo que o professor determinará, em voz alta um peixe; após determinar o peixe, todos deverão identificar quem é este colega para poder pegá-lo. (Figura 5)

 

Figura 5: Pique dos Peixes dos Sinos.

 

Exemplo: Peixes  que vivem nos rios da região, entre eles:  Traíra - Branca - Limpa-Fundo - Violinha - Jundiá - Mussum - Cascudo - Mandi - Piava - Grumata - Cará - Lambari - Joaninha - Peixe-Lápis - Viola - Pintado - Voga - Dourado - Voguinha – Barrigudinho.

 

LUGAR DE LIXO NÃO É NO ARROIO

 

Objetivo: Mostrar a importância  da coleta seletiva e reciclagem, denotando a sua relevância para o meio ambiente e, principalmente, alertar sobre o fato de que o arroio não é “latão de lixo”.

 

Material: Fitas nas cores verde, amarela, vermelha, azul e marrom. Crachás com desenhos ou figuras de materiais recicláveis: garrafas plásticas, latas de alumínio, jornais ou revistas, frascos de vidro e cascas de frutas.

 

Formação: Escolher alguns alunos para serem os coletores do lixo. Estes deverão estar identificados com fitas das cores do lixo que recolherão, para colocar  em locais pré-determinados e o restante dos alunos estarão identificados com um crachá, que terá desenhado ou colado uma figura de um lixo reciclável para que o seu coletor o pegue.

 

Desenvolvimento:  cada participante deverá estar dentro do rio, em um local pré-determinado pelo professor, com o lixo que representa no seu crachá. Haverá cinco coletores os quais recolherão: vidro, metal, plástico, papel e orgânico. Estes deverão coletar seus respectivos lixos e depositá-los em um lugar adequado delimitado pelo professor. Os resíduos ficarão no depósito até que o último lixo seja coletado e depositado. (Figura 6)

                       

Figura 6: Lugar de Lixo não é no Arroio.

 

Informe do Encontro 2

           

Na finalização deste encontro, reuni os alunos em uma roda, para ouvir os seus depoimentos e para a aplicação do instrumento auto-avaliativo número 2 (Anexo 8), verificando  as suas participações e a aprendizagens nos jogos desenvolvidos.

 

Com o jogo: Pique dos peixes dos Sinos, conversamos com os alunos sobre a maior mortandade de peixes nos últimos trinta anos no Rio dos Sinos. Comentando que morreram mais de um milhão de peixes, o equivalente a mais de 50 toneladas, entre os peixes mortos estão diversas espécies, como traíras, dourados, pintados, piavas, grumatãs e lambaris. Mostrando o descaso com o meio ambiente, tanto de alguns poluidores individuais, que nas madrugadas de expectativa de chuva lançam dejetos sem tratamento, como dos poderes públicos que postergam sempre o início do tratamento dos esgotos domésticos e que não dão prioridade política para a manutenção de órgãos ambientais eficientes para fiscalizar aquelas que agridem a natureza com o rigor que a sociedade espera.

No jogo: Lugar de lixo não é no Arroio, abordamos a questão da  poluição nos Arroios e Rios,  pelos homem, que jogam lixos nas águas destes. O crescimento das cidades e de sua população aumentaram os problemas, porque o tratamento de esgotos e de fossas não conseguiu acompanhar o ritmo de crescimento urbano.

 

Produtos químicos e sujeira dos esgotos são jogados diretamente nos rios ou afetam os lençóis de água que formam as nascentes. O excesso de sujeira funciona como um escudo para a luz do sol, afetando o leito dos rios e seu ciclo biológico. Ou seja, as plantas e animais que nele vivem passam a sofrer problemas.

 

            Verificando as fichas auto-avaliativas dos alunos percebe-se uma concordância geral em relação a uma participação positiva das crianças na atividade proposta segundo elas. Quanto ao relacionamento com os companheiros, verificou-se que um número significativo de crianças descreveu que se relacionou muito bem nas atividades.

 

Como conclusão destes resultados, e sugestão para que uma proposta tão importante como esta, de modificação do ensino-aprendizagem, atinja o seu êxito, é fundamental  um planejamento de sensibilização e apropriação da proposta a longo prazo, ou seja que os participantes tenham tempo de perceberem a  diferença qualitativa de uma proposta pedagógica que privilegie o lúdico, e desta forma a emancipação, a participação, a co-decisão, a integração e a criação, quando comparada às demais possibilidades pedagógicas.

 

Encontro 3

 

CAÇA ECOLÓGICA

 

Objetivo: Localizar objetos, situações e seres vivos no arroio, desenvolvendo o hábito de apreciar sem causar danos ao ambiente natural e sensibilizar-se a respeito das coisas erradas que o ser humano faz para a natureza.

 

Material: Distribuir aos alunos uma lista de coisas para observarem e marcarem.

 

Desenvolvimento: os alunos receberão uma relação de elementos que deverão localizar e observar; percorrerão uma área pré-determinada, buscando visualizar o maior número possível de itens relacionados na lista; os participantes irão se reunir e fazer a conferência dos itens localizados e não localizados, bem como farão o reconhecimento do local onde foram avistados; os alunos não poderão arrancar, retirar ou pegar os materiais citados. (Figura 7)

 

Figura 7: Caça Ecológica.

 

Exemplo:

1.   (   ) Local:_____________________ Um pneu dentro do arroio.

2.   (   ) Local:____ Uma planta nas margens do arroio que demonstre que um inseto a visitou.

3.   (   ) Local:_____________________ Um garrafa plástica boiando na água.

4.   (   ) Local:_____________________ Um indício de erosão nas margens do arroio.

5.   (   ) Local:_____________________ Espuma na superfície da água do arroio.

6.   (   ) Local:_____________________ Um animal camuflado nas margens do arroio.

7.   (   ) Local:____________________ Um inseto polinizando uma flor às margens do arroio.

8.   (   ) Local:_____________________ Plantas aquáticas no fundo da água do arroio.

9.   (   ) Local:_____________________ Um tronco em decomposição nas margens do arroio.

10. (   ) Local:_____________________ Um animal bebendo a água do arroio.

 

 

MENSAGEM ECOLÓGICA SECRETA

 

Objetivo: Desenvolver temas de proteção e conscientização ecológica através de frases.

 

Formação: Duas equipes. Uma equipe formará uma barreira entre um dos componentes do grupo adversário e o restante da equipe.

 

Desenvolvimento: o professor dirá a mensagem ecológica secreta no ouvido do aluno que passará esta para a sua equipe; o grupo que estiver entre a equipe adversária deverá impedir que a mensagem ecológica secreta seja transmitida entre o indivíduo que sabe a frase e os seus colegas, através de gritos, sons e barulhos que empeçam a transmissão desta; marca ponto o grupo que conseguir transmitir a mensagem, após um tempo determinado, depois invertem-se os grupos. (Figura 8)

 

Figura 8: Mensagem Ecológica Secreta.

 

Exemplo:

- Vamos cuidar melhor do nosso Arroio!

- Não é para jogar lixo no Arroio!

- O esgoto polui a água do Arroio!

- Os agrotóxicos poluem a terra e a água do Arroio!

- O desmatamento da mata ciliar causa erosão nas margens do Arroio!

- Por falta de consciência o homem polui o ambiente!

- A falta de saneamento básico pode espalhar doenças!

 

Informe do Encontro 3

 

Ao término das atividades propostas, reuniu-se os alunos em uma grande roda para a finalização do encontro, os alunos puderam relatar suas experiências, suas observações e as descobertas feitas. Um por vez relatou o que encontrou e o que faltou  da lista do jogo da caça ecológica.

 

No desenvolvimento desta atividade, observei a reação dos participantes, frente ao desafio oferecido, de muito entusiasmo, prazer, alegria e participação. A maior parte do tempo os participantes procuravam cumprir as tarefas solicitadas, possibilitando a participação de muitas crianças ao mesmo tempo.

 

Com a caça ecológica,  verificamos a importância dos arroios e rios, já que eles são fonte de vida. Suas águas são essenciais para que possamos viver, bebendo, banhando-se, navegando, além de outras utilidades. Um rio sem poluição é aquele em que os peixes e as plantas crescem naturalmente, tem águas limpas e cristalinas. Sua água serve para regar plantações, tomar banhos e também para beber. Para um rio ser assim, é preciso que não se jogue lixo, nem esgoto diretamente nele.

 

Questionamos os alunos sobre o que é um arroio ou rio poluído, desde a introdução de materiais químicos, físicos e/ou biológicos que afetam a sua qualidade. Esse processo vai desde simples saquinhos de papel até os mais perigosos poluentes tóxicos, como os pesticidas, metais pesados (mercúrio, cromo, chumbo) e detergentes.

 

Com a atividade da mensagem ecológica secreta, concluímos que o homem é o único ser vivo que destrói o ambiente em que vive. Nenhum outro habitante do planeta polui o ar, contamina a água, devasta florestas...As cidades são os centros de trabalho e moradia da maioria das pessoas. Algumas chegam a ter milhões de habitantes! Para abastecer e abrigar toda essa gente, consumimos energia, exploramos muitos recursos naturais e produzimos muito lixo. A ação do homem é perigosa pois é feita em grandes proporções. A fumaça das indústrias, das queimadas e dos carros das grandes cidades enchem o céu de gases tóxicos. Os esgotos não-tratados e o lixo produzido por indústrias e por milhões de pessoas contaminam a água e o solo.

 

Encontro 4

 

Tema 2: Fauna – Vida Animal

 

            Objetivo Geral: Aplicar jogos e atividades ecorecreativas, possibilitando um melhor conhecimento da vida animal da região, levando os alunos a descobrirem como vivem os animais, como é o seu comportamento, como convivem e onde esta convivência se dá.

 

APRESENTANDO OS BICHINHOS

 

Objetivo: Proporcionar a interatividade através da imitação da locomoção e formas de movimentos dos animais, integrando melhor o grupo e favorecendo o conhecimento mútuo através da descontração.

 

Formação: Formar uma grande roda com os participantes.

 

Desenvolvimento: cada um se apresentará dizendo o seu nome ao grupo e imitando um animal, caminhando em direção ao centro do círculo; após o movimento todos os participantes imitarão o mesmo movimento em direção ao centro do círculo; o seguinte apresenta-se e também imitando um animal, com sons e movimentos, até o centro do círculo. Após todos deverão repetir os mesmos sons e movimentos do colega. E assim sucessivamente.

 

ACHE SEU PARCEIRO

 

Objetivo: Identificar animais comuns pelo nome e agrupar alguns animais de acordo com suas características.

 

Material: Cartões com nome ou desenho de animais diferentes (pode-se repetir os animais).

 

Desenvolvimento: os alunos deverão pegar os cartões sem mostrar para os demais colegas; ao sinal do professor, os participantes devem iniciar o jogo imitando o seu animal, fazendo sons próprios ou movimentando-se igual ao seu animal; após o término do jogo, o pequeno grupo apresenta a sua imitação para os demais poderem adivinhar.

 

Informe do Encontro 4

 

Em uma grande roda, para efetuarmos a finalização do encontro número 4, apliquei a ficha auto avaliativa número 3 (Anexo 8)  para identificar os conhecimentos adquiridos com os dois jogos desenvolvidos neste dia, como também as relações com os colegas e influencias ambientais.

 

Com unanimidade os alunos avaliaram-se sentimentalmente manifestando um sentimento de felicidade e de alegria. Avaliaram como muito boa a sua relação com os colegas durante as atividades, e conceituaram-se como ótimos, pois segundo as justificativas, participaram e fizeram tudo que foi solicitado pelo professor, também por não terem brigado com os colegas. 

 

Com a apresentação dos bichinhos trabalhamos os diferentes tipos de locomoção dos animais, abordando também o sistema muscular, que é responsáveis pelo movimento dos animais, através da sua contração e distensão. Como também, os tipos de locomoções dos animais, que  podem se locomover no solo  através das marchas, corridas, saltos e reptações; Que se locomovem no ar, através do vôo;  E, os animais que se locomovem na água, através da natação.

 

Na atividade ache o seu parceiro, tratamos questões que envolveram  a fauna do Rio Grande do Sul, principalmente os mamíferos silvestres, já que são animais vertebrados, de sangue quente, corpo geralmente recoberto de pêlos, fêmeas providas de glândulas mamárias e são os mais evoluídos da escala zoológica. Outras características importantes que distinguem os mamíferos dos outros vertebrados são dentes diferenciados em incisivos, caninos, pré-molares e molares e uma membrana muscular que separa o tórax do abdome, chamada de diafragma. Os mamíferos estão em um grupo muito grande, apresentando em torno de 5.000 espécies, no Rio grande do Sul já foram registradas 141 espécies, ou seja, 35% do total de mamíferos conhecidos no Brasil, dentre eles podemos citar: lobo-guará, bugio, mico, onça, morcego...

 

Encontro 5

 

RETRATO FALADO

 

Objetivo: Proporcionar a utilização de conceitos biológicos que diferenciem os seres vivos em diferentes grupos de classificação.

 

Material: Folha e caneta.

 

Formação: Todos sentados em um grande círculo.

 

Desenvolvimento: todos devem ter uma caneta e uma folha onde devem colocar o seu nome e numerá-la de 1 a 15; os alunos deverão sentar em um círculo e permanecer sentados; a seguir as folhas devem passar por todos os participantes em sentido horário, para que os mesmos possam responder uma pergunta referente ao dono da folha e assim sucessivamente; a cada pergunta respondida o aluno deverá passar após ao colega do lado esquerdo;  as perguntas serão feitas pelo professor.

 

Exemplo:

Se o seu colega fosse um mamífero, que animal com glândula mamaria ele seria?

Se o seu colega fosse uma ave, que vertebrado que pode voar ele poderia ser?

Se o seu colega fosse um anfíbio, que vertebrado com duplo tipo de vida ele poderia ser?

Se o seu colega fosse um peixe, que vertebrado adaptado para viver na água ele poderia ser?

Se o seu colega fosse um réptil, que vertebrado adaptado a terra firme ele poderia ser?

Se o seu colega fosse um artrópode, que inseto ele poderia ser?

Se o seu colega fosse um artrópode, que aracnídeo ele poderia ser?

Se o seu colega fosse um angiosperma, que fruto ele poderia ser?

Se o seu colega fosse um angiosperma, que flor ele poderia ser?

Se o seu colega fosse um equinodermo, que animal marinho ele poderia ser?

Se o seu colega fosse um molusco, que animal de corpo mole ele seria?

Se o seu colega fosse platelminto, nematelminto ou anelídeo, que verme ele seria?

Se o seu colega fosse um porífero ou celenterado, que animal primitivo ele seria?

Se o seu colega fosse um protista, que protozoário ou alga ele seria?

Se o seu colega fosse um monera, que bactéria ou cianofícea ele seria?

 

JOGO DOS ANIMAIS TERRITORIAIS

 

Objetivo: Caracterizar o modo de vida dos animais territoriais.

 

Desenvolvimento: dividir os alunos em dois grandes grupos iguais, sendo que, um grupo deverá ocupar um lado do local onde a atividade será desenvolvida, e o outro grupo deverá ficar no lado oposto, divididos por uma linha desenhada no solo de uma quadra ou num pátio ao ar livre; nos dois lados da quadra ou do pátio, terão dois grupos igualmente divididos de raposas. Os indivíduos destes grupos deverão chegar até o lado oposto para pegarem o alimento que ali está marcando ponto para a sua equipe; os alunos que forem pegos no campo adversário deverão ficar imobilizados até serem salvos por um colega da sua  equipe, podendo voltar para o seu campo ou prosseguir em direção à área adversária para pegar o alimento e marcar ponto.

 

Informe do Encontro 5

 

Organizados em uma roda, finalizamos o encontro através dos relatos pessoais a respeito de suas participações, relacionamentos e conhecimentos adquiridos no decorrer dos jogos.

 

Através da atividade do retrato falado verificamos a importância dos sistemas de classificações dos seres vivos. Para estudar os seres vivos existentes procura-se reuni-los em grupos, formados de acordo com algum critério. O lugar onde eles vivem já foi um critério de agrupamento. Assim, os seres vivos eram classificados em aéreos, aquáticos e terrestres. Outra forma de classificá-los foi considerar a sua utilidade ao homem. E então eles foram divididos em úteis, nocivos e indiferentes. Hoje, entretanto, os seres vivos podem ser classificados com base em características tanto externas quando interna, que revelam o grau de parentesco entre eles. Na tentativa de entender melhor a evolução dos grupos de seres vivos e suas relações de parentesco, os cientistas fazem a sua classificação agrupando, formando grupos e obedecendo a determinados critérios.

Com o jogo dos animais territoriais, verificamos que as raposas são animais territoriais, marcando as fronteiras com dejectos, urina e secreções das glândulas subcaudais e interdigitais. Dentro do seu território constróem uma complexa rede de trocas, uma principal e várias secundárias. Aparentemente, dentro de um mesmo território coabitam famílias formadas por um macho e 4 ou 5 fêmeas, que se mantêm permanentemente em contacto através de sons e secreções odoríferas, mas cada uma leva a sua vida separada, possuindo tocas individuais.

 

Encontro 6

 

JOGO DO PREDADOR

 

Objetivo: Trabalhar as relações desarmônicas entre os seres vivos.

 

Formação: No pátio ou em uma quadra, desenhar quatro grandes círculos nos cantos da quadra ou do pátio e um grande círculo no meio desta. O predador deverá ficar no interior do círculo central e os outros alunos distribuídos nos outros círculos.

 

Desenvolvimento: ao sinal do professor os alunos que estão nos pequenos círculos deverão procurar o próximo círculo, um de cada vez. Após cada sinal, os alunos trocarão uma vez, sempre obedecendo ao sentido horário; os alunos que forem  pegos pelo predador deverão sair do jogo e aguardar até que todos sejam eliminados, ou podem virar um novo predador e auxiliar na captura dos demais. (Figura 9)

 

Figura 9: Jogo do Predador.

 

JOGO DA SIMBIOSE

 

Objetivo: Trabalhar as relações harmônicas entre os seres vivos.

 

Desenvolvimento: um aluno será o pegador. Livre pelo pátio ou quadra, este aluno deverá pegar outro aluno que por sua vez, deverá dar a mão para este. Cada vez que um aluno for pego, deverá dar a mão para os demais, formando uma grande corrente e, para isso, não poderão soltar as mãos. (Figura 10)

 

Figura 10: Jogo da Simbiose.

Informe do Encontro 6

 

Reunimo-nos em uma roda para verbalizar os conhecimentos adquiridos, relatara as descobertas realizadas, verificar os conhecimentos adquiridos, analisarmos os relacionamentos e comportamentos de todos durante os jogos.

 

Através do jogo do predador, conversamos com os alunos sobre o predatismo, explicando porque um consumidor mata outro organismo e o come. Pode-se explicar que normalmente o predador é maior que suas presas, o número de descendentes é menor que o de sua presa e a longevidade do predador é maior que a longevidade de sua presa. Comentamos com os alunos que o predador da brincadeira pode ser o gambá que caça cobras, ou ainda,  gaviões caçando preás,  sapos que pegam insetos ou coruja que caça ratos.

 

Com o jogo do pique da simbiose conversamos com os alunos explicando o que é a simbiose, ou seja, quando as espécies somente sobrevivem quando associadas, onde ambos levam vantagem na associação. Esta associação em geral é permanente e com dependência orgânica.

 

            Podemos encontrar associações entre vegetais: líquens (entre algas com fungos) os fungos protegem as algas evitando o seu dessecamento (mantém a umidade), enquanto que as algas, produtoras, autotróficas, fornecem aos fungos alimentos, matéria orgânica produzida durante a fotossíntese.

 

Encontro 7

 

PIQUE INQUILINISMO

 

Objetivo: Compreender as associações harmônicas entre espécies do tipo inquilinismo.

 

Formação: Sem formação específica.

 

Desenvolvimento: delimita-se um espaço, cujo tamanho varia com o número de jogadores; escolher três alunos para serem os  predadores do peixe-agulha, a metade da turma poderá ser os pepinos-do-mar e a outra metade serão os peixes-agulha; quando perseguidos pelos seus predadores, os peixes-agulha poderão pegar na mão de um colega pepino-do-mar para não ser predado e eliminado do jogo, nesse caso quando se forma uma dupla com um pepino-do-mar e um peixe-agulha o predador deverá procurar outro colega para pegar. (Figura 11)

 

Figura 11:  Pique Inquilinismo.

 

PIQUE COMENSALISMO

 

Objetivo: Compreender as relações harmônicas entre os seres vivos do tipo comensalismo.

 

Formação: Formar algumas duplas de alunos, pode ser 4 ou 5, estes devem estar de mãos dadas. O restante de aluno fica livre no pátio ou quadra.

 

Desenvolvimento: os alunos que estão em duplas de mãos dadas, um será o tubarão e o outro a rêmora, os alunos que não estão em duplas serão as presas do tubarão (neste caso uma relação de predatismo); cada vez que uma presa for pega esta deverá sair do jogo. A brincadeira continua até todos serem predados, ou seja, pegos pelas duplas.

 

Informe do Encontro 7

 

Finalizamos este encontro, através de uma roda, onde todos puderam relatar as suas participações nos jogos, como também, puderam relacionar os seus conhecimentos adquiridos no dia-a-dia com os conhecimentos próprios das ciências naturais.

 

No jogo Pique Inquilinismo explicamos a relação ecológica entre organismos de diferentes espécies. Sendo esta definida como uma associação interespecifica harmônica, na qual apenas uma espécie é beneficiada sem, entretanto, existir prejuízo para a outra espécie associada. O inquilino obtém abrigo,proteção ou ainda suporte no corpo da espécie hospedeira. Um exemplo clássico é o caso da interação existente entre orquídeas ou bromélias e as árvores em cujo tronco se instalam. Estas plantas são classificadas como epífitas (epi = em cima), esse tipo de inquilinismo é denominado epifitismo.

 

Um outro exemplo de inquilinismo é a interação existente entre o peixe-agulha os pepinos-do-mar. Esse pequeno peixe, quando perseguido por algum inimigo natural, procura um pepino-do-mar e penetra em seu ânus, abrigando-se no tubo digestivo desse equinodermo.

 

E, no jogo pique comensalismo, abordamos um tipo de relação ecológica entre duas espécies que vivem juntas, o termo comensal significa algo como "convidado a mesa", assim o termo comensalismo foi utilizado para designar relações alimentares em que uma espécie se beneficia dos restos da outra sem prejudicar a mesma. Um exemplo é a relação da rêmora (ou peixe piolho) com o tubarão. O pequeno peixe se fixa no tubarão através das suas ventosas obtendo um bom meio de transporte e, possivelmente, se alimentando dos restos alimentares do tubarão. É uma relação positiva para um indíviduo e neutra para outro.

 

Encontro 8

 

MAMÃE GALINHA E  AS RAPOSAS

 

Objetivo: Entender o instinto materno de proteção dos filhotes para que eles possam sobreviver e reproduzirem, para perpetuarem a espécie.

 

Formação: Grupos de cinco pessoas.

 

Desenvolvimento: nestes grupos, um aluno será a mãe que protegerá três alunos que serão os filhotes, e o quinto aluno será o predador; a mãe galinha ficará entre o predador e os filhotes, com os braços abertos, para que o predador não alcance os filhotes, protegendo-os; assim que a raposa pegar um pintinho troca-se os papéis, até que todos possam ser uma vez a mamãe galinha e a raposa. (Figura 12)

 

Figura 12: Mamãe Galinha e as Raposas

 

PIQUE CADEIA ALIMENTAR

 

Objetivo: Identificar a seqüência de relações alimentares entre os seres vivos.

 

Formação: Livres pelo pátio ou em uma quadra.

 

Desenvolvimento: dividir igualmente os alguns em águias, cobras, ratos, vegetais e decompositores; as águias pegarão as cobras; As cobras pegarão os ratos e fugirão das águias;           Os vegetais fugirão dos ratos e não pegarão ninguém; Os alunos que forem pegos deverão ficar abaixados até serem recolhidos pelos decompositores que os tirarão da brincadeira, ou os salvarão para poderem continuar brincando.   

 

 

Informe do Encontro 8

 

Terminamos este encontro com a aplicação da ficha auto-avaliativa número 4 (Anexo 8) para verificarmos a participação dos alunos, como se relacionaram e os conhecimentos adquiridos nos jogos desenvolvidos. 

 

Através do jogo: Mamãe galinha e as raposas, identificamos os mamíferos que são os seres vivos mais maternais que existem, bajulam a prole até não poderem mais. A mãe serve de modelo para os filhotes, que copiam os hábitos dela.  Para proteger a ninhada,  é capaz de agredir até os pais dos seus filhotes. É o instinto de proteção falando mais alto.

 

No reconhecimento materno a fêmea cheira a região anal do filhote recém-nascido durante os primeiros dias após o parto. Há também um reconhecimento visual e principalmente sonoro. Criam uma espécie de linguagem particular entre eles e a mãe.

 

Nos mamíferos, o cuidado com os filhotes é característica marcante das fêmeas. Mas em 90% das espécies de aves esta responsabilidade é dividida igualmente entre fêmeas e machos. Entre as aves, existem vários tipos de mães. Pombas e rolinhas são desnaturadas: abandonam o ninho quando há perigo. Já as aves de rapina, como águias, gaviões e urubus, defendem a prole com garras e bico. Indefesas, as araras não atacam os predadores, mas ficam sobrevoando os ninhos, tentando distrair o inimigo.

 

Ao desenvolver  o jogo da cadeia alimentar, podemos explicá-la, já que ela é a maneira de expressar as relações de alimentação entre os organismos de uma comunidade, iniciando-se nos produtores e passando pelos herbívoros, predadores e decompositores, por esta ordem. Ao longo da cadeia alimentar há uma transferência de energia e de nutrientes, sempre no sentido dos produtores para os decompositores. No entanto, a transferência de nutrientes fecha-se com o retorno dos nutrientes aos produtores, possibilitado pelos decompositores que transformam a matéria orgânica em compostos mais simples, formando um ciclo de transferência de nutrientes. A energia, por outro lado, é utilizada por todos os seres que se inserem na cadeia alimentar para sustentar as suas funções, não sendo reaproveitável. Esse processo é conhecido pelos ecologistas como fluxo de energia.

 

 

Encontro 9

 

Tema 3: Flora – Vida Vegetal

 

            Objetivo Geral: Aplicar jogos ecorecreativos, possibilitando um melhor conhecimento da vida vegetal, levando os alunos a descobrirem como vivem as plantas e como elas se reproduzem.

JOGO DA POLINIZAÇÃO

 

Objetivo: Entender como funciona a reprodução assexuada das plantas por meio das flores.

 

Material: Canudinhos de refrigerante.

 

Desenvolvimento: um terço da turma serão as flores e portarão canudinhos, como sendo o pólen das flores. Um terço da turma podem ser os beija-flores e o restante da turma serão os predadores dos beija-flores, corujas ou águias; as flores estarão distribuídas aleatoriamente na quadra como um grande jardim, os beija-flores tentarão chegar nelas para pegar um canudinho por vez, sempre tendo o cuidado para não serem pegos pelos predadores; se um beija-flor for pego pelo predador deverá entregar todos os canudinhos para o mesmo e continuar brincando; ao final, verifica-se qual foi o beija-flor e o predador que acumulou mais canudinhos.

 

JOGO DO CARRAPICHO ou PEGA-PEGA

 

Objetivo: Desenvolver os conceitos que caracterizam a dispersão mecânica de sementes, que se aderem por quem passar próximo a elas.

 

Formação: Um aluno ficará no meio de uma área retangular predeterminada para o jogo, enquanto que o restante dos alunos ficarão afastados numa distância considerável, na linha menor do retângulo.

 

Desenvolvimento: um aluno será o carrapicho, que ficará no centro de uma área retangular, onde o jogo será realizado; ao sinal do professor, os alunos que estão distantes do carrapicho, partirão em direção ao outro lado da mesma, evitando ser tocados pelo carrapicho. Quem for tocado deverá ficar no centro da área do jogo e auxiliar o carrapicho a pegar os demais colegas. Após novo sinal do professor, voltam para a posição inicial do jogo e assim por diante. (Figura 13)

           

            Figura 13: Jogo do Carrapicho.

 

Atividade 3: PIQUE ÁRVORES

 

Objetivo: Desenvolver conceitos sobre a raiz e o caule de uma árvore. 

 

Desenvolvimento: um aluno será o pegador; os demais deverão fugir, quem  for pego ficara imobilizado como uma árvore e com profundas raízes, portanto poderá pegar os colegas que passarem próximo de si, se alcançar com as mãos, ou seja, com os galhos, quem for sendo pego, se transformará em um árvore, o jogo continua até que todos forem pegos. (Figura 14)

 

                       

                        Figura 14: Pique Árvores.

 

Informe do Encontro 9

 

Na roda final deste encontro, em um primeiro momento discutimos sobre  o jogo do carrapicho,  abordando com os alunos a questão da dispersão de sementes na natureza, que pode ser feita através de quatro mecanismos, são eles: zoocoria (dispersão pelos animais), anemocoria (dispersão pelo vento), hidrocoria (dispersão pela água) e a barocoria (dispersão pela gravidade), possibilitando assim a perpetuação de cada espécie. Cerca de 10% das plantas utilizam os fatores abióticos (chuvas, ventos e rios) na dispersão e 90% delas aproveitam os animais frugívoros - aves, mamíferos e peixes - que comem a polpa dos frutos, engolem as sementes e devolvem-nas à terra por meio das fezes. Assim, elas podem brotar e garantir a continuidade da espécie.

 

Em um segundo momento, com o jogo: Pique das árvores, trabalhamos o tema árvores com os alunos, explicando que ela  é uma planta permanentemente lenhosa de grande porte. Entre outros atributos, informamos que as árvores se caracterizam por ter raiz pivotante, caule lenhoso do tipo tronco, que forma ramos bem acima do nível do solo. Os arbustos, além do menor porte, podem exibir ramos desde junto ao solo. Comparadas com outras formas vegetais, as árvores vivem longo tempo. Algumas, como sequóias e jequitibás, vivem milhares de anos. Como também a raiz, que é o órgão da planta que tipicamente se encontra abaixo da superficie do solo. Tem duas funções principais: servir como meio de fixação ao solo e como órgão absorvente de água, nutrientes,  Nitrogênio e outras substâncias minerais como potássio e fósforo. Quase sempre subterrânea, há, no entanto, plantas dotadas de raízes especiais, como as figueiras com as suas raízes aéreas.

 

Encontro 10

 

Tema 5: Higiene

 

Objetivo Geral: Compreender a sistematização e funcionamento do corpo humano, em vista de uma correta higiene, vida ativa e alimentação saudável, para se ter uma melhor qualidade de vida.

 

JOGO DA HIGIENE

 

Objetivo: Possibilitar informações sobre higiene pessoal e hábitos que ajudam a preservar a saúde de cada um.

 

Formação: um aluno no fundo da quadra (o lobo) e os outros alunos no outro lado da quadra (os porquinhos).

 

Desenvolvimento: os porquinhos deverão ir até o outro lado da quadra cantando o seguinte: __ Vamos passear na floresta enquanto seu lobo não vem! Quando chegar perto do Lobo perguntam: __Tá pronto seu lobo? O seu lobo responde: __ Não! Falta escovar os dentes! Novamente os porquinhos cantam a musica, até o seu lobo dizer que sim, partindo em direção dos alunos, pegando o maior número possível de porquinhos. Os porquinhos procurarão fugir para o pique cantando: __Quem tem medo do Lobo Mau, Lobo Mau, Lobo Mau. Quem for apanhado será levado para a toca do Lobo e ficará preso. Ou quem for pego será o novo Lobo. (Figura 15)

 

Figura 15: Jogo da Higiene.

 

Exemplo:

Tá pronto seu lobo? Não! Falta escovar os dentes!

Tá pronto seu lobo? Não! Falta lavar as mãos!

Tá pronto seu lobo? Não! Falta cortar as unhas!

Tá pronto seu lobo? Não! Falta pentear os cabelos!

Tá pronto seu lobo? Não! Falta tomar banho!

Tá pronto seu lobo? Não! Falta colocar uma roupa limpa!

 

Informe do Encontro 10

 

 Na finalização deste encontro discutimos com os alunos questões sobre a  higiene, já que ela é responsável pela prevenção de inúmeras doenças. Muitas das doenças infecto-contagiosas existentes são encontradas, em locais inadequados com baixos padrões de higiene, o que se correlaciona com baixa escolaridade e pouco acesso à informação. Tais ambientes, gerados por uma interação pouco consciente do homem com seu entorno, são propícios à disseminação tanto de vetores de doenças (moscas, baratas, ratos e outros vetores) quanto dos organismos patogênicos (bactérias, fungos, protozoários, vermes) . Por essas e outras razões recomenda-se a limpeza nos locais em que vivemos, bem como uma série de hábitos que envolvem mudanças de comportamento frente ao meio circundante, como forma de se evitar a propagação dessas doenças.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

            O presente estudo, não teve a pretensão, em nenhum momento, de propor uma nova fórmula pedagógica no ensino da Ciência Biológica. Mas sim, auxiliar na reflexão crítica atual desta área de conhecimento, tão importante e necessária para o desenvolvimento criativo-crítico-social, já que se percebe a necessidade de uma transformação e formação humana, em busca de uma sociedade ecologicamente mais justa e livre.

 

            Sintetizamos que, este trabalho teve por objetivo, investigar o  lúdico como metodologia de ensino nas aulas de ciências naturais no terceiro ciclo do ensino fundamental, operacionalizada neste estudo através de uma pesquisa qualitativa, utilizando-se do método de coleta de informações do questionário, nas escolas municipais, estaduais e particulares de Novo Hamburgo/RS, com a finalidade de verificar se os professores deste município conhecem e/ou utilizam tais métodos e propor um modelo de ensino lúdico nas de ciências naturais.

 

            Com base nos resultados obtidos na pesquisa, através dos questionários, conclui-se que os professores de Novo Hamburgo consideraram importante o lúdico como metodologia no ensino, mas, quando questionados sobre a sua utilização, alguns professores  descreveram que desenvolvem tais atividades em suas aulas.  Isto se evidenciou nas repostas dos questionários, e quando afirmam que utilizam jogos e atividades lúdicas, essas são desenvolvidas dentro da sala de aula, ou seja, sem a movimentação das brincadeiras corporais ao ar livre, são jogos de mesa, como por exemplo: trilhas, dominós, bingos, jogos de memória, etc.  

 

            Considerando que em aulas com utilização de métodos tradicionais de ensino, os alunos tem poucas oportunidades de participar das aulas, podemos firmar que nas aulas com jogos e atividades lúdicas, os alunos tem a oportunidade de decidir sobre as soluções de problemas relacionadas com os jogos, como alterações de regras em função dos participantes, compreensão e fixação melhor dos conteúdos que estão sendo desenvolvidos, para a realização de jogos e movimentos novos, apresentando um número significativo de idéias e sugestões durante o desenvolvimento das aulas.

 

            Também pode-se concluir, a partir da análise da pesquisa, que o lúdico como metodologia de ensino facilitaram a emergência de comportamentos de elevado nível de integração, evidenciados no entusiasmo, na alegria, na satisfação e na cooperação demonstradas pelos alunos.

 

            O grande desafio a ser enfrentado e vencido, daqui para frente, é contra uma longa tradição, onde o lúdico só é desenvolvido nas aulas de Educação Física,  no contexto geral. Os resultados observados neste trabalho animam rever estes princípios, e rompê-los é tarefa tanto de professores quanto de alunos. O modelo proposto neste estudo é uma possibilidade de se agir com criticidade, responsabilidade e autonomia. A principal responsabilidade percebida é educar-se e aprender, com as crianças, a conhecer e transformar a nossa realidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Educação como Cultura. São Paulo: Editora Brasilense, 1985.

________. O que é educação  São Paulo: Editora Brasilense, 1985.

 

CANIATO, Rodolpho. Com ciência na educação : ideário e prática de uma alternativa brasileira para o ensino de ciência. Campinas: Papirus, 1987.

 

FORQUIN, Jean-Claude. Escola e Cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

 

FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro. Teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1994.

 

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Editora Cortez, 1991.

 

LAPIERRE, A. e AUCOUTURIER, B. A. A simbologia do movimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

 

MOREIRA, Antônio Flávio B. (org.) Currículo: questões atuais. Campinas: Papirus Editora, 2001.

 

NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Simbolismo e jogo. V. 1. Porto Alegre: Prodil, 1994.

 

NOGUEIRA, Sandra Vidal; CORREIA, Wilson Francisco. Reflexões epistemológicas sobre os desafios curriculares emergentes. In:__ NOGUEIRA, Sandra Vidal(Org.); CICILLIANI, Graça Aparecida (Org.). Educação Escolar: políticas, saberes e práticas pedagógicas. Uberlândia: EDUF, 2002, p. 9-35.

 

TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Proficional. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.

 

ROCHA, Genylton Odilon R. da. A pesquisa sobre currículo no Brasil e a história das disciplinas escolares. In:___. GONÇALVES, Luiz Alberto Oliveira (Org.) Currículo e políticas Públicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2003, p. 41-62.

 

SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: ArtMed, 1998. 

 

SCHMITZ, Egídio. Fundamentos da Didática. São Leopoldo: Editora Unisinos, 1993.

 

SONCINI, Maria Isabel. Biologia. 1. ed. São Paulo: Cortez, 1991.

 

ZANDAVALLI, Leda B. et alli. Caderno de Didática. Passo Fundo: Livraria das Faculdades, 1982.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A N E X O S

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


ANEXO 1: Relação das 55 Escolas Municipais de Novo Hamburgo/RS

 

Zona Urbana:

 

1.  Escola Municipal de Ensino Fundamental Ana Néri

2.  Escola Municipal de Ensino Fundamental Anita Garibaldi

3.  Escola Municipal de Ensino Fundamental Arnaldo Grin

4.  Escola Municipal de Ensino Fundamental Boa Saúde

5.  Escola Municipal de Ensino Fundamental Caldas Júnior

6.  Escola Municipal de Ensino Fundamental Cecília Meireles

7.  Escola Municipal de Ensino Fundamental Cel. Guilherme Gaelzer Neto

8.  Escola Municipal de Ensino Fundamental Darcy Borges de Castilhos

9.  Escola Municipal de Ensino Fundamental Dr. Antônio Benfica Filho

10. Escola Municipal de Ensino Fundamental Dr. Jacob Kroeff Neto

11. Escola Municipal de Ensino Fundamental Elvira Brandi Grin

12. Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisca F. P. Saile

13. Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Xavier Kunst

14. Escola Municipal de Ensino Fundamental Harry Roth

15. Escola Municipal de Ensino Fundamental Hugo Engelmann

16. Escola Municipal de Ensino Fundamental Imperatriz Leopoldina

17. Escola Municipal de Ensino Fundamental Irmão Nilo

18. Escola Municipal de Ensino Fundamental João Baptista Jaeger

19. Escola Municipal de Ensino Fundamental Jorge Ewaldo Koch

20. Escola Municipal de Ensino Fundamental José Bonifácio

21. Escola Municipal de Ensino Fundamental Machado de Assis

22. Escola Municipal de Ensino Fundamental Marcos Moog

23. Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Quitéria

24. Escola Municipal de Ensino Fundamental Marina M. P. Garbarino

25. Escola Municipal de Ensino Fundamental Martha Wartenberg

26. Escola Municipal de Ensino Fundamental Monteiro Lobato

27. Escola Municipal de Ensino Fundamental Olavo Bilac

28. Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Reus

29. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. Affonso Penna

30. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. Campos Salles

31. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. Castelo Branco

32. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. Deodoro da Fonseca

33. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. Floriano Peixoto

34. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. Getúlio D. Vargas

35. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. Hermes da Fonseca

36. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. João Goulart

37. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. Nilo Peçanha

38. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. Prudente de Morais

39. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. Rodrigues Alves

40. Escola Municipal de Ensino Fundamental Pres. Tancredo Neves

41. Escola Municipal de Ensino Fundamental Profª Adolfina J. M. Diefenthäler

42. Escola Municipal de Ensino Fundamental Profª Zozina Soares de Oliveira

43. Escola Municipal de Ensino Fundamental Samuel Dietschi

44. Escola Municipal de Ensino Fundamental São Jacó

45. Escola Municipal de Ensino Fundamental São João

46. Escola Municipal de Ensino Fundamental Sen. Salgado Filho

47. Escola Municipal de Ensino Fundamental Ver. Arnaldo Reinhardt

48. Escola Municipal de Ensino Fundamental Ver. João Brizolla

 

Zona Rural

 

49. Escola Municipal de Ensino Fundamental Bento Gonçalves

50. Escola Municipal de Ensino Fundamental Castro Alves

51. Escola Municipal de Ensino Fundamental Conde D'Eu

52. Escola Municipal de Ensino Fundamental José de Anchieta

53. Escola Municipal de Ensino Fundamental Washington Luiz

54. Escola Municipal de Ensino Fundamental Helena Canho Sampaio

55. Escola Municipal de Ensino Fundamental Tiradentes

 

 

 

 

 

 


ANEXO 2: Relação das 29 Escolas Estaduais de Novo Hamburgo/RS

 

1. ESC EST ENS FUN NO BAIRRO BOA SAUDE

2. ESC EST ENS MED NO BAIRRO SANTO AFONSO

3. COL ESTADUAL 25 DE JULHO

4. COL ESTADUAL SENADOR ALBERTO PASQUALINI

5. COL ESTADUAL ENG IGNACIO CHRISTIANO PLANGG

6. ESC EST ENS FUN CARLOS ARMANDO KOCH

7. ESC EST ENS FUN ANTONIO VIEIRA

8. ESC EST ENS FUN LEOPOLDO PETRY

9. INST ESTADUAL MADRE BENICIA

10. ESC EST ENS FUN MARIA DAS NEVES PETRY

11. ESC EST ENS FUN OTAVIO ROSA

12. ESC EST ENS FUN PEDRO ADAMS FILHO

13. ESC EST ENS FUN PROFESSOR ALFREDO CLEMENTE PINTO

14. ESC EST ENS FUN PROFESSORA LUIZA TEIXEIRA LAUFFER

15. ESC EST ENS MED DOM PEDRO II

16. ESC EST ENS FUN PROF FREDERICA S PACHECO

17. ESC EST ENS FUN AYRTON SENNA DO BRASIL

18. ESC EST ENS MED ANTONIO A BORGES DE MEDEIROS

19. COL ESTADUAL VILA BECKER

20. COL ESTADUAL DR WOLFRAM METZLER

21. ESC EST ENS FUN JOAO RIBEIRO

22. ESC EST ENS MED OSVALDO ARANHA

23. INST ESTADUAL SENO FREDERICO LUDWIG

24. ESC EST ESPEC KELI MEISE MACHADO

24. ESC EST ENS FUN NO BAIRRO SANTO AFONSO

26. ESC EST ENS FUN ANTONIO CONSELHEIRO

27. ESC EST ENS FUN ALVINO HENRIQUE WEBER

28. ESC EST ENS FUN KURT WALZER

29. ESC EST ENS FUN JUNTO A FASE

 

 

 


ANEXO 3: Relação das 13 Escolas Particulares de Novo Hamburgo/RS

 

1. COLEGIO MARISTA PIO XII

2. ESC FUNDAMENTAL SAGRADO CORACAO DE JESUS

3. COLEGIO ADVENTISTA DE NOVO HAMBURGO

4. UNIDADE ENSINO FUNDACAO EVANGELICA

5. UNIDADE ENSINO PINDORAMA

6. COL CENECISTA FELIPE TIAGO GOMES

7. UNIDADE ENSINO OSWALDO CRUZ

8. ESC ADV ENS FUN DE CANUDOS

9. CENT ENS MEDIO FEEVALE

10. COLEGIO SINODAL DA PAZ

11. ESC DE ENS FUND BATISTA MARANATA

12. COLEGIO SANTA CATARINA

13. ESC DE ENS FUND BATISTA CRISTO E A VIDA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


ANEXO 4 : Autorização solicitada a Secretaria Municipal de Educação

 

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

 CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

 

 

 

S O L I C I T A Ç Ã O

Novo Hamburgo, 02 de Julho de 2007.

 

Ilmª. Srª.

Maristela Guasseli

Secretária Municipal de Educação

Novo Hamburgo/RS

 

Prezada Secretária:

 

                        Como aluno de graduação do curso de Ciências Biológicas, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, matriculado no Trabalho de Conclusão, pretendo realizar uma pesquisa que envolva os professores de Ciências Naturais que atuam na rede municipal de ensino.

                        Para atingir este objetivo, solicito a especial colaboração dessa Secretaria, no sentido de fornecer uma relação das Escolas Municipais e respectivos professores, com a habilitação em Ciências Biológicas, que exercem ação docente no terceiro ciclo do ensino fundamental.

                        Cabe ressaltar, que esta informação é de suma importância para o andamento da pretendida pesquisa.

                        Na oportunidade, solicito sua autorização para aplicar um questionário aos professores.

                        Contando com sua atenção, aguardo resposta com a maior brevidade possível.

 

Atenciosamente,

Marlon Luis lucchini.

 

 


ANEXO 5: Autorização solicitada a 2ª Coordenadoria Regional de Educação

 

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

 CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

 

 

 

S O L I C I T A Ç Ã O

Novo Hamburgo, 02 de Julho de 2007.

 

Ilmª. Srª.

Terezinha da Silva Roque

Coordenadora da 2ª CRE

São Leopoldo/RS

 

Prezada Secretária:

 

                        Como aluno de graduação do curso de Ciências Biológicas, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, matriculado no Trabalho de Conclusão, pretendo realizar uma pesquisa que envolva os professores de Ciências Naturais que atuam na rede estadual de ensino.

                        Para atingir este objetivo, solicito a especial colaboração dessa Coordenadoria, no sentido de fornecer  uma relação das Escolas Estaduais de Novo Hamburgo/RS e respectivos professores, com a habilitação em Ciências Biológicas, que exercem ação docente no terceiro ciclo do ensino fundamental.

                        Cabe ressaltar, que esta informação é de suma importância para o andamento da pretendida pesquisa.

                        Na oportunidade, solicito sua autorização para aplicar um questionário aos professores.

                        Contando com sua atenção, aguardo resposta com a maior brevidade possível.

 

Atenciosamente,

Marlon Luis lucchini.

 

 


ANEXO 6: Autorização solicitada as Escolas Particulares de Novo Hamburgo/RS

 

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

 CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

 

 

 

S O L I C I T A Ç Ã O

Novo Hamburgo, 02 de Julho de 2007.

 

Ilmo(a). Sro(a).

Nom do(a) Diretor da Escola

Nome da Escola

Novo Hamburgo/RS

 

Prezado(a) Diretor(a):

 

                        Como aluno de graduação do curso de Ciências Biológicas, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, matriculado no Trabalho de Conclusão, pretendo realizar uma pesquisa que envolva o(s) professor(es) de Ciências Naturais que atuam nessa Escola.

                        Para atingir este objetivo, solicito a especial colaboração dessa Escola, no sentido de fornecer uma relação do(s) professor(es), com a habilitação em Ciências Biológicas, que exercem ação docente no terceiro ciclo do ensino fundamental.

                        Cabe ressaltar, que esta informação é de suma importância para o andamento da pretendida pesquisa.

                        Na oportunidade, solicito sua autorização para aplicar um questionário aos professores.

                        Contando com sua atenção, aguardo resposta com a maior brevidade possível.

 

Atenciosamente,

Marlon Luis lucchini.

 

 

 

 


ANEXO 7: Questionário aplicado aos professores

 

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

 CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CENTRO 2 

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS -

 

 

CIÊNCIAS NATURAIS – ENSINO FUNDAMENTAL

 

QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES DE CIÊNCIAS NATURAIS

 

Prezada(o) colega:

 

Este questionário tem por objetivo coletar informações para a realização do meu Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências Biológicas. Considera a questão do lúdico nas aulas de Ciências Naturais no Ensino Fundamental de Novo Hamburgo. Para sua efetivação gostaria de contar com a sua colaboração para o preenchimento das perguntas formuladas. Sua contribuição é muito importante.

                                                                                               Agradeço a sua colaboração!

                                                                                                     Marlon Luis Lucchini

 

A-Dados de Identificação:

Nome:______________________________________________________________________

Nome da escola:______________________________________________________________

Telefone p/ contato:___________________________________________________________

E-Mail:_____________________________________________________________________

Série(s) que leciona:___________________________________________________________

Tempo que leciona:___________________________________________________________

Formação Ensino Médio: (    ) magistério   (    ) outros:_______________________________

Formação Universitária: _______________________________________________________

Pós-Graduação:______________________________________________________________

 

 

 


 B-Questionário: responda as questões abaixo:

1- Nas suas palavras, como você define o termo lúdico?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2- Como você justificaria a presença e a importância do lúdico nas ações educativas no ensino de ciências naturais?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

3- Quais domínios cognitivos e intelectuais que podem ser transmitidos através da utilização das atividades lúdicas no ensino de ciências naturais?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

4 -  Quais atitudes, valores comportamentais e afetivos podem ser transmitidos através da utilização das atividades lúdicas no ensino de ciências naturais?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

5 – Quais relações interpessoais e sociais podem ser transmitidos através das atividades lúdicas no ensino de ciências naturais?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6 – Quais objetivos motores, habilidades e qualidades físicas podem ser transmitidas através da utilização das atividades lúdicas no ensino de ciências naturais?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 


7 – Você utiliza atividades lúdicas em suas aulas?  (    ) freqüentemente  (    ) às vezes  (   ) nunca

 

8 – Caso negativo a resposta da questão anterior, por que você não utiliza atividades lúdicas em suas aulas de ciências naturais?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

9 – Caso afirmativo a resposta da questão 7, responda:

 

9.1 - Quais as características e tipos de atividades lúdicas que você utiliza em suas aulas de ciências naturais?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

9.2 - Enquanto estratégia pedagógica como o lúdico é trabalhado em suas aulas de ciências?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

9.3 - A partir de quais critérios e pré-requisitos as atividades lúdicas são selecionadas para as suas aulas de ciências naturais?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

 

 

 

 

 


ANEXO 8: Fichas Auto-Avaliativas

 

FICHA AUTO-AVALIATIVA N.º 1

 

NOME:_____________________________________DATA:_____________________

 

Como você viu as atividades propostas hoje?

 

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

O quê você mais gostou hoje?

(  ) conhecer - (  ) aprender – (  ) falar – (  ) jogar – (  ) não gostei de nada

 

 Por quê?

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

 

3. Desenhe o contorno da mão e escreva algo que você aprendeu para cada dedo.

 

 

 

 

 


FICHA AUTO-AVALIATIVA N.º 2

 

NOME:________________________________DATA:_________________________

 

Como participei das atividades hoje?

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

Como os meus colegas se saíram nas atividades?

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

 

Desenhe um personagem, e o lado, coloque as suas qualidades, defeitos e o que ele aprendeu hoje na aula.

 

 

 


FICHA AUTO-AVALIATIVA N.º 3

 

NOME:_________________________________DATA:_________________________

 

Como foi minha participação hoje e o que pude aprender?

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

Como me relacionei com meus colegas hoje?

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

O ambiente influenciou na aula?

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

Desenhe no verso da folha algo que resuma a sua participação nas atividades.

 

 


FICHA AUTO-AVALIATIVA N.º 4

 

NOME:________________________________DATA:_________________________

 

Como você se sentiu participando das atividades?

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

O que aprendi com os jogos da aula de hoje?

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

Como você se relacionou com os colegas e o professor hoje?

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

Assinale um conceito da sua participação na aula, justificando-o:

(     ) ótimo      (    ) bom         (    ) regular     (   ) não participei

___________________________________________________________________________

 

___________________________________________________________________________

 

Desenhe uma televisão e coloque na tela o jogo que você gostou de fazer na aula de hoje.

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